Ricardo Kotscho, Balaio do Kotscho
De outro lado, setores do PT e da imprensa, que não fazem parte do clube, querem fazer da CPI do Cachoeira a CPI da Veja para investigar as relações da revista com o contraventor goiano reveladas pela Operação Monte Carlo da Polícia Federal.
Por que, então, não investigar, ao mesmo tempo, tanto a Delta de Fernando Cavendish como a Veja de Roberto Civita? Afinal, as empresas de ambos aparecem nas investigações sobre o capo do crime organizado, que fez parcerias nas mais variadas áreas, da polícia ao judiciário, das empreiteiras à imprensa, sempre com a ajuda do seu braço político, o quase ex-senador Demóstenes Torres.
Já está mais do que provado que, assim como os negócios de Cachoeira com a Delta não se limitavam ao centro-oeste, o alvo da CPI, as relações da equipe do contraventor com o diretor de Veja em Brasília, Policarpo Júnior, iam muito além do que habitualmente ocorre entre fonte e repórter.
Havia interesses comuns: o "empresário de jogos" usava a revista para plantar notícias contra quem pudesse prejudicar seus negócios, e o repórter se aproveitava do aparato de arapongas de Cachoeira para fazer suas matérias "investigativas" contra membros do governo petista, o eterno alvo de Civita.
Dos dois lados, bombeiros entraram logo em
ação para limitar as investigações e blindar governadores, políticos em geral,
empresários e jornalistas. "Você é nosso e nós somos teus" — como
escreveu Vaccareza, o Cândido, para o governador Sérgio Cabral, aquele da turma
do guardanapo — é a frase que melhor resume o momento político do País.”
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