Esquema era 'verdadeira metástase', afirma delegado da Operação Vegas
À CPI, Raul Alexandre Marques Sousa deu detalhes de como agia grupo de Cachoeira
À CPI, Raul Alexandre Marques Sousa deu detalhes de como agia grupo de Cachoeira
Ricardo Brito, de O Estado de S. Paulo
O delegado da Polícia Federal Raul Alexandre Marques Sousa classificou na noite de terça-feira, 8, no depoimento reservado à CPI do Cachoeira, como “verdadeira metástase”
a atuação do grupo comandado pelo contraventor. Nas seis horas de
reunião com os parlamentares, Sousa detalhou a forma de agir do grupo,
que, aos moldes das máfias, pagava regularmente propina a servidores
públicos por informações e não admitia que os integrantes se
apropriassem de recursos do esquema de jogos ilegais.
Segundo parlamentares que acompanharam o encontro, Sousa afirmou que a Operação Vegas, que comandou, teve 55 alvos entre 2008 e 2009. Foram realizadas 61.803 ligações, num total de 1.388 horas de gravação durante os 60 dias de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça. Isso dá, nas contas do delegado, 1.030 ligações feitas por dia. O chefe do esquema, Carlinhos Cachoeira, teve 234 horas de conversas interceptadas, uma média de quatro horas diárias no período.
Direto do escritório. “Era uma verdadeira metástase”, classificou o delegado. Na ocasião, as investigações já mostravam a relação de Cachoeira com a empreiteira Delta. O contraventor já foi visto despachando matérias no escritório da Delta em Goiânia, onde atuava Cláudio Abreu.
Cachoeira também, segundo indicaram as escutas telefônicas, tinha
interesse na compra de bens em Miami. Mas, no depoimento, o delegado
disse que a movimentação do grupo não conseguiu ser mapeada porque não
foi pedida a quebra do sigilo bancário do contraventor e das empresas do
grupo.
O delegado disse que a apuração da PF parou no momento em que apareceram as conversas com parlamentares com prerrogativa de foro, como o senador Demóstenes Torres (sem partido, ex-DEM-GO). O caso foi remetido ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em meados de 2009. Mas a mulher dele, a subprocuradora Cláudia Sampaio,
avaliou que não havia indícios suficientes para que a apuração contra
essas autoridades continuasse no Supremo Tribunal Federal (STF).
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