O
ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello afirma que
"não se pode desviar o foco" da CPI do Cachoeira e misturar o assunto
com o julgamento do caso que ficou conhecido como Mensalão, previsto
para acontecer este ano.
"Precisamos olhar sempre o lado positivo das práticas
republicanas. Não se pode desviar o foco. A CPI começou a trabalhar
agora e não podemos nos precipitar e tirar ilações, muito menos dessas
extravagantes, que contrariam a razão", afirmou o ministro a Terra
Magazine.
Mello
contraria as declarações do procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, alvo da base aliada na CPI do Cachoeira. Gurgel acusa os réus do
Mensalão de serem os mentores das críticas contra ele. Isso porque,
parlamentares envolvidos na investigação contra a organização de
Carlinhos Cachoeira afirmam que o procurador-geral não cumpriu com seu
dever, em 2009, quando a Operação Vegas, da Polícia Federal, já apontava
indícios das ações de Cachoeira e de sua relação com diversos
políticos.
De acordo com
Gurgel, as críticas têm o objetivo de enfraquecer o julgamento do
Mensalão e fragilizar a acusação e seus julgadores, ou seja, os
ministros do Supremo Tribunal Federal. Marco Aurélio Mello discorda.
"Não
consigo imaginar o extravagante, que essas críticas (a Gurgel e ao STF)
seriam uma retaliação, principalmente por parte das duas Casas
do Congresso", declarou o ministro. "Não vejo um movimento para
enfraquecer o julgamento do Mensalão, até porque, pelo amor de Deus, o
STF não é sensível a pressões".
Mello
afirma que é "natural" que haja esse tipo de questionamento por parte
dos parlamentares. "A base aliada está apenas questionando a
problemática de não ter se tocado um certo inquérito em 2009 e busca
esclarecimentos sobre isso. Faz parte do procedimento que nós vemos
sempre nas CPIs. Eles fustigam para levantar elementos e esclarecer os
fatos. É natural", explicou.
Foto: Agência Brasil
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