A partir de agora, mais do que nunca, o cidadão que quiser saber a
quantas anda a CPMI do Cachoeira terá que se manter cético sobre a
guerra de versões que se instalará. Nesse processo, devido à aliança
entre a oposição e setores da imprensa, ficará mais difícil saber o que
está acontecendo, mas não será impossível.
Há duas versões que a mídia demo-tucana está espalhando que pretendem
jogar areia nos olhos da opinião pública. Uma delas é sobre o volume de
ligações telefônicas entre o diretor da revista Veja Policarpo
Júnior, o bicheiro Carlinhos Cachoeira e sua quadrilha. Os interessados
em distorcer essa questão – leia-se a própria Veja – dizem, agora, que das 200 ligações do jornalista com o contraventor só teriam aparecido duas.
O jornalista Luis Nassif já tinha explicado essa questão em post, mas,
em minha opinião, não foi suficiente explícito, haja vista que tenho
recebido muitas consultas de leitores sobre essa questão.
Detalhe: a informação de Nassif me foi confirmada ontem (quinta-feira) (17) e passo a detalhá-la.
A informação sobre “200 ligações” entre Policarpo e Cachoeira – fora
outras que o jornalista manteve diretamente com a quadrilha – é oriunda
da Polícia Federal. Os grampos telefônicos captados foram armazenados
em um sistema chamado “Guardião”. Esse sistema permite que pessoas
autorizadas localizem conversas entre os diversos envolvidos no caso.
Como explicou Nassif e me confirmou a fonte com a qual conversei, se
você faz uma busca no sistema Guardião pedindo um índice das conversas
de Policarpo com Carlinhos Cachoeira, por exemplo, o número de
resultados ultrapassa 200, sem falar nas ligações entre o jornalista e o
resto da quadrilha.
Como o foco das Operações Monte Carlo e Vegas não era o jornalista da Veja, e até devido ao vespeiro que é mexer com a imprensa, a PF não transcreveu e separou as ligações envolvendo a Veja. Além disso, há uma forte pressão da oposição e da imprensa sobre setores da PF ligados a esse grupo político.
Aí chegamos às notícias da grande mídia sobre um “acordão” para
transformar a CPMI em “pizza”. Os jornais trazem hoje (sexta-feira)
(18), nas primeiras páginas, alusões a isso. Ontem (quinta-feira) (17),
portais e sites na internet disseram a mesma coisa. Mas que “acordão” é
esse? É para poupar a Veja? É para a Comissão não investigar mais nada?
A mídia e a oposição espalham a versão da Pizza porque a CPMI não irá
convocar agora os governadores acusados de envolvimento com o esquema
Cachoeira e porque restringiu ao Centro-Oeste as investigações sobre a
Delta, que as mesmas mídia e a oposição querem que avancem até o Rio de
Janeiro, obviamente que passando longe de São Paulo, onde a revista IstoÉ mostrou, recentemente, que estão os maiores negócios da empreiteira.
Aqui mesmo, no blog, vários leitores caíram nessa conversa. O mesmo
aconteceu nas redes sociais Twitter e Facebook. Tem gente caindo como
patinho em uma versão do interesse da Veja, da Folha, do Estadão, do Globo, do PSDB, do DEM e do PPS.
O PT e a base aliada não vão aceitar convocar Agnelo Queiróz e Sérgio
Cabral simplesmente porque não há nada nas gravações da PF contra eles.
O único governador realmente envolvido com o esquema Cachoeira é
Marconi Perillo. E como os aliados governistas apostam que isso ficará
claro ao se aprofundarem nas escutas da PF, as convocações ficaram em
suspenso.
O mesmo se dá a respeito da convocação do jornalista Policarpo Júnior. O
senador Fernando Collor havia feito um pedido de envio das gravações
armazenadas no sistema Guardião que envolvam exclusivamente a Veja
e seu jornalista. O relator Odair Cunha inclinou-se por esse
requerimento, mas, diante da argumentação da senadora do DEM Katia Abreu
de que a PF enviou o lote inteiro de gravações da Operação Monte
Carlo, Cunha aceitou barrar o requerimento de Collor.
Não acredite então, leitor, nessa conversa sobre “pizza” e “acordão”. A
leitura dos grandes jornais e portais de internet está direcionada
para confundir o público e gerar desânimo entre aqueles que querem ver
esclarecidas as relações da Veja e de outros veículos com o crime organizado, sem falar no governo paralelo que Cachoeira instalou em Goiás.
A dinâmica da CPMI fará brotarem todas essas questões. É questão de
tempo. A mídia joga com a ansiedade das pessoas e tenta criar um fato
consumado. A investigação mal começou. Não se deixe enganar. A maioria
do PT e dos seus aliados vai, sim, investigar a mídia. E Parcela
relevante do PMDB está indignada com a tentativa de envolver o
governador Sergio Cabral.
A blogosfera irá informá-lo melhor, leitor. Neste momento, aliás, nem é preciso, pois a própria Veja soltou nota que termina assim: “As tentativas de intimidação [da “imprensa livre”] não devem cessar com a primeira derrota de Collor e do PT na CPI”. Essa parte é verdade. A investigação contra a Veja vai realmente ocorrer.
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