Durante um ano o governo Dilma Rousseff foi cauteloso. Desarmou bombas
deixadas pelo caminho, baixou a fervura das disputas com a mídia, deu
reconhecimento devido ao principal referencial da oposição, Fernando
Henrique Cardoso, e ousou pouco.
Passou a impressão de ter se curvado aos excessos da realpolitik, da cautela.
Mas apenas seguia uma estratégia pensada, gradativa, mas sem perder de vista o objetivo final.
Passado o primeiro ano, consolidada a gestão, com índices altos de
popularidade, Dilma deu início à segunda fase, a da ousadia. E colocou
para fora seu lado desenvolvimentista, avançando contra dogmas de
mercado, falsos.
O discurso de Dilma no 1º de maio é um divisor de águas, uma espécie de
travessia de Rubicão, onde pela primeira vez estão explicitados os
objetivos maiores do governo.
A lógica é direta.
O trabalhador ajuda a construir o país. E merece usufruir da riqueza do
país, na forma de melhores empregos, salário digno e formação de
qualidade.
Para poder lhe oferecer isso, o país necessita consolidar seu
crescimento, equilibrar sua economia, diminuir as desigualdades,
proteger a indústria e a agricultura, desenvolver novas tecnologias e
ser competitivo e soberano no mundo.
“Não quero ser a presidenta que cuida apenas do desenvolvimento do país,
mas das pessoas”, enfatizou Dilma. Significa lutar por saúde melhor
para pobres e classe média, educação de qualidade em todos os níveis –
inclusive técnico e universitário -, no Brasil e no exterior. A menina
dos olhos da presidente é o programa “Brasil Sem Fronteiras”, que
pretende conseguir bolsas para brasileiros nas principais universidades
do mundo.
O objetivo é “enxergar o trabalhador com cidadão, e por isso plenos de
direitos civis; e como consumidor, com condições de comprar todos bens e
serviços que sua família precise para viver condignamente”.
E aí entrou no tem a juros.
Segundo Dilma, a economia só será plenamente competitiva quando as taxas
de juros internas se igualarem às taxas praticadas no cenário
internacional. Aí os produtores vão poder produzir e vender melhor e os
consumidores comprar mais e pagar com mais tranquilidade.
“É inadmissível ter um dos juros mais altos do mundo (…) O Brasil de
hoje não justifica isso (…) Os bancos não podem continuar cobrando os
mesmos juros para empresas e consumidores enquanto taxa básica cai,
economia estável e maioria absoluta dos brasileiros honra seus
compromissos”, foram alguns dos trechos do discurso.
O grande desafio para a queda adicional dos juros está na remuneração da
caderneta de poupança. Ontem, a equipe econômica esteve reunida por
mais de cinco horas para fechar a proposta da nova forma de remuneração
da poupança.
A ideia é uma proposta que tenha continuidade, um modelo que seja suficientemente flexível para perdurar no tempo.
No final do dia, a proposta foi encaminhada para a área jurídica, para
dar o formato que permita ao Banco Central operar a mudança.
Amanhã o Ministro da Fazenda Guido Mantega deverá se reunir com
diretores de redação de jornais e com jornalistas para explicar o
mecanismo e tentar amenizar eventuais mensagens terroristas.
Luis NassifNo Advivo
Um comentário:
Lembra daquela foto dela que te mandei, meu amigo?
Aquele olhar...
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