É simples entender porque era impossível que o trabalho de Hussein Aref -
o responsável pela aprovação das grandes plantas pela Prefeitura de São
Paulo - passasse despercebido do prefeito José Serra, que o nomeou, ou
de Gilberto Kassab, que o manteve.
Trata-se de cargo estratégico e de ampla visibilidade, já que envolve enormes interesses financeiros
Por volta de 2009, ouvi do advogado de um grande escritório de advocacia
- com uma boa área dedicada ao direito imobiliário - que, no período
Serra, a aprovação de plantas parecia ter retornado aos áureos tempos de
Paulo Maluf. Havia um descontrole completo.
Se fosse ação individual de Aref, o descontrole teria sido facilmente
detetado. Como ele atropelava normas públicas, seria facílimo
identificar os abusos e denunciá-lo, inclusive para o Prefeito.
Isso não ocorreu porque os desvios eram institucionalizados. É por aí
que os grandes arrecadadores de caixinha enriquecem. Podem cometer todos
os abusos, pois se trata de prática aceita internamente por seus
superiores.
Como tais práticas não podem ser registradas, abre-se uma margem de manobra para que cada qual trate de roubar também para si.
Quando o departamento atua conforme as normas, há uma barreira natural à
ação dos predadores. Não se pode fugir das normas. Quando o chefe maior
permite os abusos - para fins eleitorais - cessam todos os controles.
Um subordinado não terá como saber se aquela jogada perpetrada pelo Aref
tem a aprovação dos chefes maiores, ou é uma operação individual.
Por tudo isso, dada a extensão do golpe, seria impossível que não
houvesse uma ação principal - a de arrecadação de recursos ilícitos - da
qual o operador tirou sua casquinha.
Aref foi apanhado da maneira mais complexa possível. Não pelos abusos
internos cometidos - facilmente identificáveis pela mera análise dos
processos aprovados. Mas pelos sinais exteriores de riqueza.
Luis NassifNo Advivo
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