sexta-feira, 18 de maio de 2012

Porque Serra tem que responder por Hussein Aref

É simples entender porque era impossível que o trabalho de Hussein Aref - o responsável pela aprovação das grandes plantas pela Prefeitura de São Paulo - passasse despercebido do prefeito José Serra, que o nomeou, ou de Gilberto Kassab, que o manteve.
Trata-se de cargo estratégico e de ampla visibilidade, já que envolve enormes interesses financeiros
Por volta de 2009, ouvi do advogado de um grande escritório de advocacia - com uma boa área dedicada ao direito imobiliário - que, no período Serra, a aprovação de plantas parecia ter retornado aos áureos tempos de Paulo Maluf. Havia um descontrole completo.
Se fosse ação individual de Aref, o descontrole teria sido facilmente detetado. Como ele atropelava normas públicas, seria facílimo identificar os abusos e denunciá-lo, inclusive para o Prefeito.
Isso não ocorreu porque os desvios eram institucionalizados. É por aí que os grandes arrecadadores de caixinha enriquecem. Podem cometer todos os abusos, pois se trata de prática aceita internamente por seus superiores.
Como tais práticas não podem ser registradas, abre-se uma margem de manobra para que cada qual trate de roubar também para si.
Quando o departamento atua conforme as normas, há uma barreira natural à ação dos predadores. Não se pode fugir das normas. Quando o chefe maior permite os abusos - para fins eleitorais - cessam todos os controles. Um subordinado não terá como saber se aquela jogada perpetrada pelo Aref tem a aprovação dos chefes maiores, ou é uma operação individual.
Por tudo isso, dada a extensão do golpe, seria impossível que não houvesse uma ação principal - a de arrecadação de recursos ilícitos - da qual o operador tirou sua casquinha.
Aref foi apanhado da maneira mais complexa possível. Não pelos abusos internos cometidos - facilmente identificáveis pela mera análise dos processos aprovados. Mas pelos sinais exteriores de riqueza.
Luis Nassif
No Advivo

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