terça-feira, 17 de julho de 2012

Líder do PT: Perillo deve deixar governo para o bem de Goiás

O líder do PT na Câmara dos Deputados, deputado Jilmar Tatto (SP), defendeu nesta segunda-feira o afastamento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), devido aos indícios de envolvimento de Perillo com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Segundo o deputado, é uma "temeridade" que a população do Estado tenha Perillo como governador. "Para o bem do povo de Goiás, ele tem que sair rápido do governo", afirmou Tatto. CPIs: as investigações que fizeram história Cachoeira, o bicheiro que abalou o Brasil Conheça o império do jogo do bicho no País O petista disse que, se a Assembleia Legislativa de Goiás "tiver o mínimo de decência", deve abrir o processo de impeachment contra o governador. "Se essa Casa não o fizer, cabe ao STJ fazê-lo", afirmou Tatto. "Está mais que provada a relação de Marconi Perillo com o Carlos Cachoeira e com a Delta. Então o STJ tem que decidir, analisar a documentação, porque do ponto de vista da materialidade das provas, não tem mais o que questionar", disse o líder do PT na Câmara. O petista disse que chamar Perillo a testemunhar na CPI do Cachoeira é uma "perda de tempo". "Perillo mentiu descaradamente sobre a relação dele com Carlos Cachoeira. Essa é uma relação direta, quase de sociedade. Para que chamá-lo à CPMI? A comissão já fez o trabalho dela. Ele já teve oportunidade de se explicar e mentiu. Agora é com a Justiça", afirmou Jilmar Tatto. A Polícia Federal concluiu que, assim que assumiu o governo de Goiás, no ano passado, Marconi Perillo e a empreiteira Delta fecharam um "compromisso", com a intermediação do bicheiro Carlinhos Cachoeira, segundo a revista Época. Para que a Delta recebesse em dia o que o governo de Goiás lhe devia, a construtora teria de pagar Perillo. O primeiro acerto envolveria a casa do governador. O empresário Walter Santiago teria pagado R$ 2,1 milhões pela casa - R$ 100 mil seriam para Fiúza, assessor de Perillo, R$ 500 mil para Perillo, e R$ 1,5 milhão, para o bicheiro. Perillo recebeu três cheques de Cachoeira, em nome de laranjas. Carlinhos Cachoeira Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão. Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda. Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos. Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado. 
 Terra

Nenhum comentário: