Quadros tucanos como o senador Aécio Neves já
trabalham com a certeza da derrota de José Serra para Fernando Haddad no
domingo 27; resultado quebrará as últimas sentinelas que candidato a
prefeito de São Paulo tem no ex-presidente FHC e no governador Geraldo
Alckmin; líder nas pesquisas em Manaus, Arthur Virgílio assumirá papel
central na reconstrução do partido; projeto de futuro passa pelo
sepultamento político do duas vezes candidato a presidente
O convívio que sempre foi difícil entre o candidato a prefeito de São Paulo e as demais correntes tucanas, inclusive a paulista, tornou-se impraticável diante das posições políticas assumidas por Serra na atual campanha. Especialmente neste segundo turno. Políticos centristas e liberais como o Aécio e Arthur Virgílio chegam a temer por uma guinada ideológica do PSDB, cuja raiz social-democrata vai sendo podada a enxadas pelas alianças costuradas por Serra com nomes como o Pastor Silas Malafaia, o ex-comandante da Rota paulista Coronel Telhada e posicionamentos frontalmente contrários à diversidade sexual.
No caso da eleição de Serra à principal Prefeitura do País, e com o pendor dele a dominar nacionalmente o partido, além da aliança tácita com o PSD do prefeito paulistano Gilberto Kassab, os tucanos de fora de São Paulo temem que ocorra, em ato contínuo, a desfiguração ideológica da agremiação que ajudaram a fundar, o que provocaria uma diáspora. Eles avaliam que, neste caso, Serra empalmaria o comando com mão de ferro, carregando-a para o lado direito do espectro político.
A evolução da campanha, no entanto, começa a tranquilizar os opositores de Serra dentro do PSDB. O senador Aécio Neves está sendo o primeiro a disseminar sua avaliação de que, com o atual discurso, a vitória do partido em São Paulo tornou-se muito mais difícil do que já parecia antes. Precisamente porque o elenco de discursos e entrevistas do candidato Serra trombam com o ideário de boa parte das bases partidárias, uma generosa porção da classe média paulistana de feitio liberal e progressista. O ex-governador de Minas tem procurado tranquilizar os que o procuram com críticas à postura do duas vezes candidato a presidente da República pelo partido, garantindo que a vitória, é claro, é do maior interesse da agremiação, mas que, a esta altura dos acontecimentos, mais vale observar a cena do que interferir nela, como o próprio Aécio já fez no passado.
Confirmando-se as previsões dos tucanos anti-serristas, que apostam até mesmo num desempenho dele em segundo turno aquém do volume de votos obtido no primeiro escrutínio, o partido, na visão destes mesmos, estará livre para se atualizar, modelando novo discurso, em torno de líderes como Aécio e Virgílio, sem o tom persecutório imposto desde sempre por Serra. Lembram, a quem os considera pessimistas demais, que, em 2008, o então candidato a presidente Geraldo Alckmin teve menos votos no segundo turno do que na primeira volta da eleição contra Lula.O anti-feitiço, dizem, tem muitos ingredientes para se repetir.
Nesse quadro, acreditam os tucanos não paulistas, o ex-presidente Fernando Henrique e o governador Geraldo Alckmin estarão entre os primeiros a compreenderem a nova conformação de forças, adequando-se velozmente aos novos tempos. Eles entenderão – principalmente o governador Alckmin, que tem direito a buscar, em 2014, a sua reeleição ao Palácio dos Bandeirantes -- que, se sofrer uma derrota política, e não apenas eleitoral, Serra sairá do pleito paulistano para o ostracismo definitivo no partido que fundou, dominou e tentou asfixiar com um discurso estreito e uma postura exclusivista. Este tipo de derrota será o fim de Serra, cravam.
Do Blog Brasil - 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário