Do Blog do Miro - sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
Por Altamiro Borges
Em seu artigo semanal na Folha, a ruralista Kátia Abreu,
presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e senadora pelo PSD do
Tocantins, voltou a atacar as comunidades indígenas do Brasil. Já virou rotina.
O texto intitulado “Dois pesos e duas medidas” tem uma chamada curiosa: “Quando
índio invade terra, forças [policiais] não são empregadas; quando há retirada
de terra indígena, existe até violência”. Para ela, os latifundiários são
vitimas da truculência dos poderes públicos. Coitadinhos! Tão frágeis e
indefesos!
Na sua avaliação, os grileiros que invadem terras indígenas
são discriminados com base em “discursos ideológicos” e “conveniências
políticas, sem que os atores envolvidos se mostrem minimamente ruborizados”. Ela
nem fica “ruborizada” com os seus disparates! Historicamente, as comunidades
indígenas sempre foram alvo da ambição e da violência dos latifundiários, que
contam inclusive com milícias armadas (os famosos jagunços), a cobertura
favorável de parte da mídia e a cumplicidade de muitos juízes venais.
Para Kátia Abreu, os ruralistas são injustiçados pelas “comissões
de direitos humanos, movimentos sociais, Ouvidoria Agrária Nacional e Funai
(Fundação Nacional do Índio)”, que se mobilizam para defender os índios nos
casos de desocupação de terras. Ela lamenta que “qualquer uso da força é, de
pronto, considerado uma violência arbitrária e desmedida”. Também critica a “mobilização
intensiva de aparatos policiais, com demonstrações explícitas de violência”,
contra os grileiros que ocupam ilegalmente as terras indígenas.
Marota, ela tenta utilizar a situação de pequenos
agricultores, que ocupam reservas indígenas, para defender os interesses dos
grandes proprietários. “Muitos agricultores se queixaram do tratamento
desumano. Onde, aliás, estavam a Ordem dos Advogados do Brasil, a Ouvidoria
Agrária e outras entidades que enchem a boca ao falar de direitos humanos?”, pergunta
a líder dos ruralistas. Kátia Abreu omite que o maior inimigo do pequeno camponês
é o próprio latifúndio, que o expulsa da terra e ainda explora o trabalho
escravo.
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