Enviado por luisnassif, seg, 31/12/2012 - 12:26
Por veras
Do Brasil 247
Por veras
Do Brasil 247
Luiz Carlos Bresser Pereira
Depois do fracasso da aventura neoliberal, as elites se prendem ao velho moralismo liberal
O fato político de 2012 foi o julgamento pelo Supremo
Tribunal Federal do processo do mensalão e a condenação a longos anos de
prisão de três líderes do Partido dos Trabalhadores com um currículo
respeitável de contribuições ao país.
O que significou, afinal, esse julgamento? O início de uma
nova era na luta contra a corrupção no Brasil, como afirmaram com tanta
ênfase elites conservadoras, ou, antes, um momento em que essas elites
lograram afinal impor uma derrota a um partido político que vem
governando o país há dez anos com êxito?
Havia um fato inegável a alimentar o processo e suas
consequências políticas. O malfeito, a compra de deputados e o uso
indevido do dinheiro público existiram. Mas também é inegável que, em
relação aos três principais líderes políticos condenados, não havia
provas suficientes -provas que o direito penal brasileiro sempre exigiu
para condenar. O STF foi obrigado a se valer de um princípio jurídico
novo, o domínio do fato, para chegar às suas conclusões.
Se, de fato, o julgamento do mensalão representou grande
avanço na luta pela moralidade pública, como se afirma, isso significará
que a Justiça brasileira passará agora a condenar dirigentes políticos e
empresariais cujos subordinados ou gerentes tenham se envolvido em
corrupção. Acontecerá isso? Não creio.
Como explicar que esse julgamento tenha se constituído em
um acontecimento midiático que o privou da serenidade pública necessária
à justiça? Por que transformou seu relator em um possível candidato à
Presidência (aquele, na oposição, com maior intenções de votos segundo o
Datafolha)? E por que, não obstante sua repercussão pública, o
Datafolha verificou que, se a eleição presidencial fosse hoje, tanto
Dilma Rousseff quanto o ex-presidente Lula se elegeriam no primeiro
turno?
Para responder a essas perguntas é preciso considerar que
elites e povo têm visão diferente sobre a moralidade pública no
capitalismo.
Enquanto classes dominantes adotam uma permanente retórica
moralizante, pobres ou menos educados são mais realistas. Sabem que as
sociedades modernas são dominadas pela mercadoria e pelo dinheiro.
Ou, em outras palavras, que o capitalismo é
intrinsecamente uma forma de organização econômica onde a corrupção está
em toda parte. O Datafolha nos ajuda novamente: para 76% dos
brasileiros existe corrupção nas obras da Copa.
Hoje, depois do fracasso da aventura neoliberal no mundo,
as elites, inclusive a classe média tradicional, estão desprovidas de
qualquer projeto político digno desse nome e se prendem ao velho
moralismo liberal.
Já os pobres, pragmáticos, votam em quem acreditam que
defende seus interesses. Não acreditam que elites e o país se
moralizarão, mas, valendo-se da democracia pela qual tanto lutaram,
votam nos candidatos que lhes inspiram mais confiança.
Não concluo que a luta contra a corrupção seja inglória.
Ela é necessária, e sabemos que quanto mais desenvolvido, igualitário e
democrático for um país, mais altos serão seus padrões morais. Terem
havido condenações no julgamento do mensalão representou avanço nessa
direção, mas ele ficou prejudicado porque faltou serenidade para
identificar crimes e estabelecer penas.
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Na minha opinião, as coisas estão começando a se assentar. Ler uma mensagem dessas, de um homem deles (que serviu ao governo neo-liberal) é um bom começo.
Acho que as pessoas vão começar a se expressar e concluir que o suposto julgamento do mensalão não passou de um grande farsa, patrocinada em parte por 4 ministros reacionários (Peluso - aquele que quis enquadrar a ministra Calmon por ela dizer que o judiciário era corrupto; Gilmar Dantas - dispensa comentários; Celso Mello - aquele que tem dois votos duas medidas e o primo do Collor - aquele, acho que deu um HC para o Cacciolla raspar o gato para a Itália) + 2 ou três bobo(a)s da corte, entre eles, o "Gilmar Barbosa", que até tem alguma coerência, mas serviu aos reacionários de plantão. Além de duas ministras, que não sei o nome, mas parecem uma senóide, um dia tem coerência, outro não; junto com a mídia conservadora + PGR, criaram este Frankstein chamado "mensalão".
O tempo está chegando, as contradições estão aparecendo. Um cara da elite, criticando eles mesmos.
É nóis, o Brasil mudou e também o mundo. Está na hora desta elite escrota começar a ceder um pouquinho, para não perderem tudo.
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