A foto acima é coisa de profissional
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É notável o esforço dos internautas e tuiteiros para esclarecer o caso
do processo de sonegação fiscal da Globopar, desatado a partir da
denúncia do blog O Cafezinho, de Miguel do Rosário, que batizou de Globogate (Globogato, segundo o leitor Teo Ponciano).
Muitas vezes, no entanto, este esforço acaba esbarrando na falta de
experiência para apurar uma notícia sem margem de erro, ou seja, sem o
risco de cometer barrigas amadoras, de fazer acusações infundadas,
propagar teorias falsas ou simplesmente espalhar boatos de forma
irresponsável.
A título de exemplo, eu me lembro muito bem de quando se espalhou feito
fogo, nas redes sociais, a notícia da morte de uma indiazinha, suposto
homicídio cometido por madeireiros no Maranhão. Opinei, no Viomundo, que era preciso ter cautela. Primeiro, confirmar absolutamente a notícia, 100%. Depois, gritar.
Foi um Deus nos acuda. Ativistas me denunciaram no Facebook e no
twitter. Jornalistas experientes — que continuam enganando por aí — me
desancaram na maior cara de pau. A Soninha Francine — a “jornalista”
Soninha! — me detonou. Depois, nenhum deles se deu ao trabalho de se
desculpar. A notícia nunca foi confirmada. Não foi encontrado corpo, nem
quem tenha visto o corpo, nem quem tenha testemunhado o episódio em
primeira mão, além do “ouvi dizer”. O desmentido enfático da FUNAI, para
todos os efeitos, se sustentou.
Por isso, é importante ter gente de altíssima qualidade profissional interessada no caso de Cristina e do Globogato.
TC é um deles. Jornalista experiente e premiado, rato de internet, é um
dos melhores apuradores que conheci ao longo de 40 anos de carreira.
Foi quem me passou, no início da noite de 8 de julho, as páginas do
Diário Oficial com a condenação de Cristina Maris Meinick Ribeiro pelo furto do processo da Globopar de uma repartição da Receita Federal no Rio de Janeiro.
Foi a partir delas — e apenas delas — que publicamos nosso texto a
respeito, com algumas horas de defasagem devido ao processo de checagem
essencial para quem tem responsabilidade jornalística e não sai por aí,
chutando desde o centro do planeta e, portanto, bem longe do Brasil.
LL — chamemos assim, por motivo de sigilo profissional — conhece todo o
submundo do Rio de Janeiro. É um rato de cartório. Conhece gente na
política, na polícia, no Ministério Público, na extinta mas atuante
“comunidade de informações” da ditadura militar. LL tem duas dúzias de
prêmios por investigações jornalísticas. Não, não é um homem da era
Google. É de bater perna, conversar, fofocar com vizinhos e porteiros,
buscar documentos, fotografar, cruzar dados e mergulhar no submundo.
Respira isso. A combinação de LL com os fuçadores das redes sociais é
mortal!
Nenhum dos dois — nem LL, nem TC — é ansioso. Ambos sabem que holofotes são a pior companhia para quem quer chegar à verdade.
Ah, os holofotes, como atraem os amadores!
Curiosamente, o balanço do que ambos — TC e LL — levantaram sobre o caso, até agora, é incerto.
Não quero atrapalhá-los antes que estejam prontos para divulgar o que
apuraram, mas todas as possibilidades ainda estão em aberto: Cristina
atuou por conta própria? Cumpria a agenda de terceiros? Pretendia ajudar
ou prejudicar a Globo? Estava a serviço de uma quadrilha de
achacadores? Essa quadrilha tentou tomar dinheiro dos irmãos Marinho,
bandidos da era da informação? Cristina cumpriu um papel político? Um
acordo teria acontecido, como sugeriu o Rodrigo Vianna?
Cristina não quer falar. Desconversa, foge, faz que não é com ela.
Temos — a partir do relato de TC e LL — a certeza de que Cristina se
envolvia em situações nebulosas. São vários os processos com o nome
dela, sempre em benefício de empresas endividadas ou com problemas junto
ao Fisco. Ponto contra a Globo, que era cobrada por uma dívida de mais
de 615 milhões de reais. Sabemos, também, que Cristina — depois de ter
cumprido prisão preventiva e ser solta por habeas corpus do STF
(relator, Gilmar Mendes) — foi aposentada “por invalidez” pela chefe,
conforme documento que nos foi enviado por TC e mencionado anteriormente
pelo internauta Paulo Felipe:
Qual o motivo para uma chefe aposentar Cristina por invalidez se sabia
que ela estava sendo processada e corria o risco de ser condenada, como
de fato foi, em janeiro de 2013? Foi um cala-boca? Sinal de que havia
mais gente envolvida?
Na sentença, diga-se, o juiz condenou Cristina à perda do cargo público — e, portanto, da aposentadoria.
É, sem dúvida, uma novela. Um desafio diante dos internautas, de gente fuçadora como Fernando Brito e Miguel do Rosário e de profissionais tarimbados como os que auxiliam o Viomundo: TC e LL, ao trabalho!
Aguardem que, com calma, juntos chegaremos à verdade.
Luiz Carlos AzenhaNo Viomundo
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