247 – O ex-presidente Lula está farto da mídia
tradicional – e cada vez mais engajado em sua disposição de liderar um
movimento político pela democratização dos meios de comunicação. Na
semana passada, ele recebeu jovens representantes de entidades como a
UNE, a CUT, o MST e a ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e
Transexuais) para uma reunião no Instituto Lula. Ali, ao lado do
governador da Bahia, Jacques Wagner, soltou o verbo.
- A imprensa me tratou bem perto do que está fazendo com a Dilma, com esses ataques 24 horas por dia, iniciou ele.
- Os jornais tentaram atrair a Dilma, diferenciá-la do meu governo,
mas não deu certo. Quando ela demarcou o campo de classe, passou a ser
vista como adversária e atacada.
No encontro convocado exatamente para incentivar a entrada de
entidades dos movimentos sociais na ação política pela democratização da
mídia, Lula deu sua ordem unida aos cerca de 20 militantes políticos
presentes.
- Vamos ter que fazer a democratização da comunicação. Os partidos,
os movimentos sociais e a sociedade têm que se envolver para fazer".
O ex-presidente ouviu a avaliação e propostas de jovens de
organizações políticas, entidades estudantis, centrais sindicais,
movimentos sociais e coletivos culturais como o Levante Popular da
Juventude e o Fora do Eixo sobre o atual momento político.
"O que vem depois da negação da política é pior" -
Lula disse estar preocupado com o futuro da democracia no Brasil,
especialmente com a "negação da política", que abre a possibilidade de
retrocessos.
- O que vem depois da negação política é sempre pior", afirmou o
ex-presidente. Para ele, a reforma política é fundamental para enfrentar
os limites do atual sistema.
Depois de ouvir os jovens, Lula disse que "as mobilizações mostram
que muito ainda deve ser feito no Brasil". Ele destacou que os grandes
meios de comunicação tiveram um papel fundamental para amplificar as
mobilizações de junho e incutir pautas conservadores, tendo como ponto
de partida "o massacre que a imprensa fez nos últimos 10 anos contra o
PT, contra o governo e contra a política".
Depois, na ótica de Lula, a mídia teria recuado, quando avaliou que
os protestos estavam saindo do controle. Ele acrescentou que a Rede
Globo teve "uma derrota política" quando suas equipes de reportagem
tiveram que deixar de usar o logotipo da emissora para evitar a reação
dos manifestantes.
Bem humorado e disposto, o ex-presidente reclamou dos boatos sobre
seu estado de saúde que circulam nas redes sociais e as referências à
sua família. "Está um escárnio o tanto de mentiras", afirmou.
Ao saber de boatos de que seu filho seria sócio do Grupo Friboi, Lula
disse que ligou para o presidente da empresa, Wesley Batista, para
pedir que soltassem uma nota para esclarecer que "os bois são seus". A
gargalhada foi geral, mas os resultados da reunião, bastante sérios.
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