sábado, 13 de julho de 2013

Polícia Civil “conclui” investigação sobre vândalos com história mal contada

Do Tijolaço - 13 de Jul de 2013 | 11:01


por Miguel do Rosário


Ontem a Polícia Civil do Rio distribuiu notas à imprensa dizendo que estava investigando quem estava por trás dos encapuzados que andaram atacando manifestantes, monumentos e até o palácio do governo, no Rio de Janeiro. Pois bem, hoje eu topo com a seguinte nota na coluna do Ilimar Franco, Globo:
ScreenHunter_2056 Jul. 13 10.32

Essa história está mais do que mal contada. Milícia e tráfico de drogas, ambos são criminosos. Mas são adversários entre si. Que raio de investigação é essa? Pior: como assim “concluiu a investigação”? Isso aí não responde nada e não faz nenhum sentido. O tráfico de drogas, até onde sabemos, vive de vender drogas. Não tem interesse nenhum em atacar manifestantes ou quebrar patrimônio público. A mesma coisa vale para a milícia, que vive de explorar o mercado de segurança privado, e controla serviços e transportes em regiões carentes da cidade. Que interesse teria a milícia em tumultuar manifestações populares?

Isso aí está parecendo história para boi dormir. Pode até ser que um encapuzado ou outro já tenha se envolvido com o tráfico, ou com a milícia, e usaram o fato para generalizarem. O que a sociedade quer saber é o seguinte: quem está por trás desses grupos? Quem os financia? O que pensam? A sociedade espera respostas muito mais objetivas do que essa aí, que mais parece uma engabelação qualquer para fingir que investigou.

Essa história está muito estranha. Eu estava na manifestação do Rio de Janeiro, e testemunhei a agressão dos encapuzados às pessoas comuns.

Aliás, falta contar mais coisa, que apurei junto ao pessoal dos sindicatos. Os mascarados pensaram em tudo. A CUT, por exemplo, tem um pessoal de “segurança”, que foi devidamente encurralado num canto, para que os agressores na parte da frente da passeata pudessem agir livremente. Bepe Damasco, consultor de imprensa da CUT, me contou que, pouco antes da confusão começar, um grupo de sindicalistas havia flagrado um bando de mascarados com coquetéis molotov. “Eles pretendiam incendiar os carros de som. Houve então um conflito, com o nosso pessoal quebrando todos os coqueteis molotov. Houve briga. A polícia interviu soltando bombas e gás pimenta”.

Damasco conta ainda que a Secretaria de Segurança do governo do Estado havia sido informada sobre a presença dos vândalos. “A gente estava monitorando-os pelas redes sociais, e sabíamos de seu potencial perigoso. Avisamos a polícia, que declarou também estar acompanhando, mas que eles não iriam causar problemas”.

Ou seja, houve também negligência explícita da Secretaria de Segurança. Como esses rapazes chegam portando coquetéis molotov na frente da polícia e esta não faz nada, mesmo alertada previamente? Também queremos saber a razão pela qual eles atacaram os manifestantes: que ideologia existe por trás disso? São grupos de ultra-direita? Isso tudo é importante para entendermos o contexto e reagirmos não apenas com o poder da polícia, mas também mediante a argumentação política, para coibir a ação de grupos que vem disseminando sectarismo, violência, antidemocracia. Muitos jovens estão entrando nessa como inocentes úteis, sem saber que podem estar sendo manipulados por forças obscuras.

PS: Um leitor observa que outra conclusão da polícia poderia ser que houve vandalismo “espontâneo, quem sabe”…
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