
Cresce romaria de políticos, empresários, sindicalistas e até de
celebridades como o ex-capitão Cafu, da Seleção Brasileira, ao Instituto
Lula; ex-presidente mantém-se como referência para todos os assuntos;
"Hoje eu recebo mais gente do que quando eu era presidente da
República", reconheceu Lula em entrevista a blogueiros; por que será?; é
certo que ele avisou que seria mesmo um dublê de candidato para
sustentar a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff; e todos
puderam ouvir dele que já "se sente realizado" e vê em Dilma
"disparadamente a melhor pessoa para vencer as eleições"; mas suspense
eleitoral só aumenta e desperta, entre observadores e adversários, a
certeza de que Lula acumula forças para impedir que o projeto de poder
do PT corra risco em outubro; para correligionários e o círculo mais
próximo do ex-presidente, hipótese de troca de papéis entre ele e Dilma é
assunto proibido
247 – O ex-presidente Lula já disse, repetiu e insistiu
que se sente realizado e vê na presidente Dilma Rousseff
"dispadaramente a melhor pessoa para vencer as eleições" de outubro. Mas
até que estejam estourados os prazos para registros de candidaturas, em
junho, certamente ainda terá de reafirmar mais vezes que seus planos
não incluem voltar ao Palácio do Planalto. Hoje, dia 10 de abril de
2014, Lula, de fato, não é mesmo candidato a presidente, assim como
ninguém é nem pode ser, legalmente, neste momento. Mas, como diz o
ditado, ninguém sabe o dia de amanhã.
O certo mesmo é a que a romaria de políticos, empresários, sindicalistas
e também de celebridades não para de crescer sobre o Instituto Lula, no
bairro do Ipiranga. O escritório de onde o ex-presidente despacha está
com a agenda repleta. "Hoje eu recebo mais gente do que quando eu era
presidente da República", reconheceu Lula em entrevista, ontem, a
blogueiros.
Com sua conhecida espontaneidade, Lula procurou transmitir que sua
intensidade em fazer política é corriqueira, natural para quem se
colocou como dublê de candidato para sustentar a campanha à reeleição da
presidente Dilma Rousseff.
Na quarta-feira 9, depois de conceder entrevista por mais de três horas,
com intensa repercussão em todas as mídias, Lula ainda teve fôlego para
receber o presidente da CUT, Vagner Freitas, o líder do MST José Rainha
e, ainda, o ex-capitão Cafu, da Seleção Brasileira de Futebol. Além de
se tornar referência para todos os assuntos, Lula é visto como um
conselheiro experimentado.
Mais que boa conversa, a intensificação na agenda do ex-presidente
desperta, como só iria acontecer, certezas e receios entre observadores e
adversários. Já existem na mídia tradicional e familiar colunistas que
cravam que o candidato do PT, em caso de queda acentuada da presidente
Dilma Rousseff nas pesquisas, será ele e não ela. Outros, como o
jornalista e historiador Elio Gaspari, já até pedem para que ele entre
na arena como forma de dar nitidez à disputa.
Nada irrita mais o ex-presidente. Uma a uma ele tem procurado desmentir
distorções e erros na transcrição de suas palavras, mas não consegue
conter as interpretações. Até o estouro dos prazos para a realização das
convenções partidárias, em junho, com indicação e registro dos
candidatos oficiais, Lula – e Dilma – terão de conviver com cada vez
mais análises a respeito dos ganhos e riscos de uma troca de papéis
entre eles. Faz parte do jogo.
A intensificação da agenda de Lula, que passará a contemplar, a partir
de agora, muitas subidas aos palanques estaduais que começam a ser
montados, só irá acirrar o paradoxo em torno dele: por mais que diga que
não está fazendo nada diferente do sempre fez, e reafirma seu
compromisso de reeleger Dilma, ninguém está obrigado a acreditar. Tanto
para políticos de direita, de centro ou de esquerda, democratas ou
golpistas, a dissimulação e o segredo são a alma do negócio. Não haveria
de ser diferente com Lula.
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