sábado, 13 de fevereiro de 2010

ARRUDA O LADRÃO DO DEMOCRATAS , DESCULPEM O PLEONASMO

Do Blog APOSENTADO INVOCADO.

caixa de pandora
Arruda fica na cadeia, agora com aval do STF

Ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, nega pedido de habeas corpus para libertar o governador, preso desde quinta-feira por determinação do STJ. Mérito da decisão deve ser julgado em plenário na quarta-feira

  • ANA MARIA CAMPOS

  • Iano Andrade/CB/D.A Press
    Marco Aurélio: habeas corpus negado em virtude da robustez das provas


    Considerado um ministro liberal que entende a prisão como uma medida excepcional, Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu ontem deixar o governador afastado José Roberto Arruda (sem partido) preso durante pelo menos todo o feriado de carnaval. Ele negou liminar em habeas corpus impetrada pelo advogado Nélio Machado e manteve a prisão preventiva de Arruda, decretada na véspera com o voto de 12 ministros da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A expectativa é de que o mérito da questão seja apreciado em sessão do plenário na próxima semana, em princípio na quarta-feira.

    Em entrevista ontem, os advogados de Arruda anunciaram que não pretendem recorrer da decisão de Marco Aurélio e aguardarão o julgamento do mérito. Nos próximos dias, qualquer medida deverá ser analisada no plantão pelo presidente do STF, Gilmar Mendes. Quem acompanha a investigação da Operação Caixa de Pandora avaliou, pela leitura do voto de Marco Aurélio, que o relator do habeas corpus de Arruda demonstrou preocupação de que haja a revisão de sua posição de forma monocrática durante o feriado. “Indefiro a liminar. Outrora houve dias natalinos. Hoje avizinha-se a festa pagã do carnaval. Que não se repita a autofagia”, assinalou Marco Aurélio em um texto aparentemente cifrado.

    Na véspera do Natal, Gilmar Mendes cassou liminar concedida por Marco Aurélio Mello que mantinha no Brasil o menino Sean Goldman, de 9 anos, com a família da mãe. O presidente do STF teve entendimento totalmente contrário e determinou, na véspera de Natal, que o garoto fosse entregue ao pai americano. Os dois ministros costumam se enfrentar com teses divergentes no STF. O voto de Marco Aurélio pela manutenção da prisão de Arruda foi contundente e antecipou uma posição dura relacionada ao episódio em que o chefe do Executivo foi denunciado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e a subprocuradora-geral Raquel Dodge por corrupção de testemunha e falsidade ideológica.

    Marco Aurélio escreveu em seu voto que o pedido de prisão preventiva de Arruda foi feito com “esmero insuplantável”. E apontou: “Após aludir-se à comprovação da materialidade dos crimes de corrupção de testemunha e de falsidade ideológica, escancarou-se o quadro a revelar a participação do ora paciente (Arruda), não bastasse a circunstância de este último surgir como beneficiário dos atos praticados”. Marco Aurélio também afirmou que a prisão do governador do Distrito Federal significa “tempos novos vivenciados nesta sofrida República”.

    Denúncia
    A denúncia contra Arruda foi autuada ontem no STJ, mas para virar um processo formal depende ainda de autorização da Câmara Legislativa para prosseguir — embora essa licença prévia, prevista na Lei Orgânica do DF, seja questionada em ação direta de inconstitucionalidade em tramitação no STF, sob a relatoria do ministro Dias Toffoli. Além de Arruda, foram denunciados como co-autores o ex-chefe da Agência de Comunicação do DF Weligton Moraes; o ex-secretário particular de Arruda Rodrigo Arantes; o suplente de deputado distrital do DEM Geraldo Naves; o ex-diretor da Companhia Energética de Brasília (CEB) Haroaldo Brasil e Antônio Bento, o portador do dinheiro que seria usado para subornar o jornalista Edson Sombra, testemunha do inquérito contra o governador afastado. Assim como Arruda, todos estão presos.

    Na ação, o Ministério Público pede que o próprio STJ considere inconstitucional o Artigo 60 da Lei Orgânica do DF, que condiciona a autorização dos deputados distritais para o início da tramitação da ação penal. Seria uma decretação de inconstitucionalidade incidental, ou seja, em caso específico. Se isso ocorrer, a prisão preventiva de Arruda deverá se estender durante todo o período da instrução criminal nesse processo. O governador deverá ser notificado na prisão para apresentar defesa prévia e poderá aguardar detido a fase de oitiva das testemunhas.

    Caso sejam condenados, a penas estão previstas nos artigos 343 e 299 do Código Penal. O primeiro prevê pena de reclusão de três a quatro anos, além de multa. O relativo à falsidade ideológica prevê pena de reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular. Como os acusados são funcionários públicos, aumenta-se a um sexto da pena e, no caso do governador afastado, acrescenta-se a agravante de ter “instigado, organizado e dirigido a participação dos demais agentes criminosos”.

    Visitas
    Arruda recebeu ontem a visita da mulher, Flávia Arruda, que está muito abalada e, segundo pessoas próximas, chorou muito durante todo o dia. De acordo com relato do chefe da Casa Militar, Ivan Rocha, o governador afastado passou a noite em claro. Ele está detido em uma das salas da diretoria técnico-científica do Complexo da Polícia Federal (PF), no Setor Policial Sul. A cela improvisada, com 40 metros quadrados, contém um banheiro com chuveiro, sofás e duas mesas de reunião. Arruda não está autorizado a usar o telefone. Além de Flávia, ele recebeu a visita do secretário de Transportes, Alberto Fraga, e do deputado distrital Benedito Domingos (PP), também investigado no inquérito da Caixa de Pandora.

    Preso desde a noite anterior, Rodrigo Arantes foi transferido ontem para uma cela da PF no Complexo Penitenciário da Papuda. Weligton Moraes e Haroaldo Brasil também foram levados para o mesmo lugar. No fim da tarde de ontem, o ex-deputado Geraldo Naves também se apresentou e somente hoje deve seguir para a Papuda.


    Trechos do relatório em que o ministro negou liberdade ao governador

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