segunda-feira, 5 de abril de 2010

A Band não é tão PIG assim

05/04/2010
Atualizado às 13h00m de 5 de abril de 2010


Johnny Saad, presidente da Band


Para todos os efeitos, a TV Bandeirantes não passaria de mais um tentáculo do PIG, certo? Afinal, trata-se de uma empresa que emprega energúmenos como Bóris Casoy, sujeito reacionário, preconceituoso, que, na juventude, dispunha-se a “caçar” compatriotas por suas ideologias – ele integrou o CCC, Comando de Caça aos Comunistas, durante a ditadura –, ou como José Luiz Datena, bobalhão que apresenta um programa mundo-cão/policialesco em que faz julgamentos sumários e difunde intolerância.

E nem vamos falar do “Canal Livre”, que já apresentou entrevistas e debates os mais inúteis, tendenciosos e manipulados, ou do CQC (Custe o Que Custar), programa político-jornalístico-humorístico que se dedica a desancar Lula e o PT a cada edição, ou da venda criminosa de espaço de uma concessão pública a um picareta que explora a fé alheia em horário nobre todas as noites.

Contudo, dois fatos recentes, e um não tão recente, dizem que, apesar das aparências, a Band não é tão inimiga assim de Lula, o que de forma alguma a absolve por usar uma concessão pública para produzir lixo cultural em seu estado mais puro.

O fato não tão recente que começou a me mostrar que a Band é muito menos inimiga de Lula e do PT do que parece surgiu no ano passado durante a Conferência Nacional de Comunicação, em Brasília, na qual fui delegado por São Paulo. Johnny Saad, atual presidente da emissora e filho de seu fundador, o velho João Saad – que, inclusive, tinha relações de amizade com meu avô –, demonstrou grande interação com o presidente Lula durante a abertura da Confecom, além de não tê-la boicotado como a maioria de seus concorrentes.

Mas foi na semana passada que passei a achar que a Band, apesar de aparentemente seguir a linha anti-Lula e PT do resto da mídia, em pontos específicos vem mostrando que não é lá tão oposicionista assim.

O primeiro fato recente que me leva a crer que a emissora paulista não é inimiga figadal do presidente da República e de seu grupo político foi a encomenda da pesquisa Vox Populi exatamente no momento em que tal pesquisa se fazia necessária. Provavelmente os leitores ainda se lembram de que no mesmo sábado (27/03) em que saiu a pesquisa Datafolha mostrando disparada do Serra e queda de Dilma, pedi que o PT se mexesse e encomendasse outra sondagem do eleitorado, porque a do instituto de pesquisa da Folha cheirava mal.

A despeito de sua equipe de jornalismo (Casoy, Datena, Mitre, Boechat, Telles, Betting etc), a Band, ao encomendar a pesquisa Vox Populi, evitou que prevalecesse a sensação desmotivadora da militância petista que o Datafolha gerara. E, de quebra, o Vox Populi ainda provou o que venho dizendo há anos aqui neste blog, que institutos ligados à mídia tucana costumam manipular pesquisas em certos momentos, como fez agora o da Folha de São Paulo para embalar o lançamento da candidatura tucana à Presidência.

Mas foi na noite de domingo que a Band prestou um serviço à sociedade, sim, mas também ao PT ao colocar seus jornalistas para entrevistarem o presidente da República no programa Canal Livre. Quem tem alguma coisa na cabeça além de ideologia fundamentalista e preconceitos, viu Lula dar um baile naquela meia dúzia de bobões que só sabia repisar ataques imbecis que leu nas Vejas, Folhas e Estadões, cada um deles desmontado com facilidade pelo entrevistado.

Pergunta: alguém acredita que Saad, conhecendo Lula, não sabia que seria daquele jeito? Claro que um empresário como aquele sabia que alguém como Lula faria picadinho daquele bando de idiotas. Vai ficando clara, pois, a estratégia do espertíssimo presidente de não bater de frente com Folhas, Globos, Vejas e Estadões, os órgãos vitais da imprensa golpista, e ir minando o PIG por dentro.

Escrito por Eduardo Guimarães às 10h47

Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)






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