Dilma não baixou a guarda na entrevista a Datena, na TV Bandeirantes, e deixou claro que sua diferença para Serra não é pessoal, mas de projeto. “Ele representa o projeto que levou o Brasil para a estagnação e a desigualdade, que criou dependência do FMI e que não investiu em saneamento e habitação. Nós acreditamos num país que cresça e distribua renda, que o Bolsa Família é essencial para ajudar os mais necessitados e na geração de emprego”, disse Dilma, se referindo ao 12 milhões de postos de trabalho com carteira assinada criados no governo Lula.
Dilma foi além e disse que acredita em fazer o crescimento. Lembrou que em 2002, Lula, ainda candidato, disse que iria construir plataformas de petróleo no Brasil, o que significava fazer novamente política industrial no país. O resultado todo brasileiro viu. A indústria naval foi recuperada, gerando milhares de empregos.
Dilma também foi direta quando questionada sobre se desvencilhar de Lula, tese defendida pela oposição, que teme o sucesso do atual presidente. “É muito difícil me desvencilhar do Lula nessa altura. Participei do governo e coordenei os projetos do governo. Eu me desvencilho como? Digo que minha vida parou de 2003 a 2010?”
Clareza melhor, impossível. Quem procura se desvencilhar de seu passado e suas origens é a oposição, que esconde o presidente que representou seus ideais por oito anos e que depois de atacar sem piedade o governo Lula tenta agora dizer ao povo que não é bem assim.
Dilma se mostrou afiada quando Datena contou uma história de que Serra considerava que Lula tinha uma capacidade de entender rapidamente qualquer situação, mas que a ela faltava experiência. “Se ele reconhece que o Lula tem essa visão rápida sobre a realidade que o cerca, fica difícil explicar porque ele me escolheu. E escolheu três vezes. Primeiro para coordenar a transição de governo, depois como ministra de Minas e Energia e chefe da Casa Civil, eu era o braço direito e esquerdo dele, e depois me escolheu como sucessora do projeto dele, que é meu, do PT e dos partidos da base”. Bingo!
A ex-ministra também se conteve, acertadamente, ao ser confrontada com a última sondagem do Ibope, que chegou durante o programa às mãos do apresentador, com uma vantagem de 7 pontos percentuais a favor de Serra (36 a 29). “Estou saindo lá de baixo e estou chegando aqui. Os resultados das pesquisas recentes têm mudado. Ela não serve para dizer hoje como serão as coisas mais à frente. Não vou brigar com isso, vou respeitar os institutos”, disse Dilma.
Discurso politicamente correto para a candidata, mas ela precisa abrir o olho de seu partido. Como mulher guerreira e corajosa que lutou contra a ditadura e foi torturada, como teve que contar diante da insistência do apresentador, sabe que as armas da reação hoje em dia são outros. Lula já foi vítima de uma edição infame do debate que travou com Collor, em 1989, e agora as pesquisas de opinião estão sendo manipuladas para lhe prejudicar. Se isso não for denunciado às claras, como a senhora fez tão bem nas questões mais críticas da entrevista que acaba de conceder, os conspiradores não vão se intimidar.
Um comentário:
pra ser uma entrevista com o Inclassificavel Datena até que foi bem a candidata.
Quem achava o Jô Soares um entrevistador mais importante que o entrevistado deve ter ficado pasmo com a performance do Datena...
Mas deixa pra lá... Vale o espaço obtido pela Candidata. Faz parte do "esforço de Guerra".
Achei a Ministra um tanto nervosa, insegura até, mas sincera.
Realmente, falta traquejo de "palanque". Se adquirirá a tempo??? Não sei...( Também nem sei se essa qualidade ainda é essencial para se ganhar eleição nos dias atuais...).
Menos mal para a ministra que o Serra também não é essa desenvoltura toda....
Portanto, em materia de carisma e simpatia:0 x 0
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