Meu artigo sobre Ciro, modéstia à parte, acertou na mosca. O nobre parlamentar continua flertando com o personagem de Shakespeare, o general romano Caio Márcio, também conhecido pelo nome Coriolano. A figura existiu historicamente, e foi biografada por Plutarco.
Deixem-me, portanto, terminar de contar a história da peça. Coriolano, um patrício reacionário que odiava a plebe, é banido da cidade. Cheio de ressentimento, ele se dirige à Ancio, cidade dos Volscos, os piores inimigos de Roma, e apresenta-se a Tulo Aufídio, até pouco seu adversário número 1, e se oferece para ajudar a destruir sua antiga pátria.
Esperemos, naturalmente, que Ciro Gomes seja mais esperto que isso. A mídia vem atiçando, sutilmente, o lado mais inflamável do ex-candidato. Hoje a Dora Kramer nos conta que Ciro, de fato, evitou deliberadamente criticar Serra, para ganhar o eleitorado antilulista. O cálculo é válido, inteligente até se considerarmos que Ciro quase se lançou candidato ao governo de São Paulo, o estado mais conservador do país. Mas é perigoso também. Cativando o cidadão conservador, o próprio Ciro se tornou um.
O comportamento de Ciro mostrou-se errático, esquizofrênico. Ele iniciou seu périplo eleitoral fazendo críticas extremamente duras à Serra e à big press, que se popularizaram muito através da internet. Depois disso, no entanto, o parlamentar mudou de estratégia. Passou a criticar o PT, o que lhe abriu as portas da mesma mídia que ele havia criticado tão acerbamente.
Tudo bem, política é assim mesmo. Um jogo de morder e assoprar o tempo todo. Não se pode ser ingênuo, todavia. A mídia é vingativa e só não é mais brutal com Ciro justamente porque anseia que ele ao menos não auxilie Dilma Rousseff. E está conseguindo. Por meio de elogios, chantagens, ofensas, a mídia conseguiu manipular a vaidade de Ciro e intrigá-lo com a campanha da ministra.
Alguém deve lembrar a Ciro que o final de Coriolano é triste. Movido por seu rancor vingativo, ele se junta aos volscos para atacar Roma, mas quando, já no acampamento militar diante de sua cidade natal, recebe a visita de sua mãe instando-o a não cometer um ato de traição tão vil, ele se comove e desiste. De volta à Ancio, é linchado pelos populares, furiosos com sua indecisão.
As atitudes de Ciro, intempestivas, coléricas, solitárias, não repercutem bem em nenhuma parte. O roçado de escândalos, frase que o parlamentar proferiu num dia de Roberto Jefferson, atravessou a cerca e chegou à sua própria horta. Afinal, depois de tantos rasgados elogios ao presidente Lula, a omissão de Ciro Gomes na luta eleitoral deste ano, não é nada menos do que escandalosa.
Deixem-me, portanto, terminar de contar a história da peça. Coriolano, um patrício reacionário que odiava a plebe, é banido da cidade. Cheio de ressentimento, ele se dirige à Ancio, cidade dos Volscos, os piores inimigos de Roma, e apresenta-se a Tulo Aufídio, até pouco seu adversário número 1, e se oferece para ajudar a destruir sua antiga pátria.
Esperemos, naturalmente, que Ciro Gomes seja mais esperto que isso. A mídia vem atiçando, sutilmente, o lado mais inflamável do ex-candidato. Hoje a Dora Kramer nos conta que Ciro, de fato, evitou deliberadamente criticar Serra, para ganhar o eleitorado antilulista. O cálculo é válido, inteligente até se considerarmos que Ciro quase se lançou candidato ao governo de São Paulo, o estado mais conservador do país. Mas é perigoso também. Cativando o cidadão conservador, o próprio Ciro se tornou um.
O comportamento de Ciro mostrou-se errático, esquizofrênico. Ele iniciou seu périplo eleitoral fazendo críticas extremamente duras à Serra e à big press, que se popularizaram muito através da internet. Depois disso, no entanto, o parlamentar mudou de estratégia. Passou a criticar o PT, o que lhe abriu as portas da mesma mídia que ele havia criticado tão acerbamente.
Tudo bem, política é assim mesmo. Um jogo de morder e assoprar o tempo todo. Não se pode ser ingênuo, todavia. A mídia é vingativa e só não é mais brutal com Ciro justamente porque anseia que ele ao menos não auxilie Dilma Rousseff. E está conseguindo. Por meio de elogios, chantagens, ofensas, a mídia conseguiu manipular a vaidade de Ciro e intrigá-lo com a campanha da ministra.
Alguém deve lembrar a Ciro que o final de Coriolano é triste. Movido por seu rancor vingativo, ele se junta aos volscos para atacar Roma, mas quando, já no acampamento militar diante de sua cidade natal, recebe a visita de sua mãe instando-o a não cometer um ato de traição tão vil, ele se comove e desiste. De volta à Ancio, é linchado pelos populares, furiosos com sua indecisão.
As atitudes de Ciro, intempestivas, coléricas, solitárias, não repercutem bem em nenhuma parte. O roçado de escândalos, frase que o parlamentar proferiu num dia de Roberto Jefferson, atravessou a cerca e chegou à sua própria horta. Afinal, depois de tantos rasgados elogios ao presidente Lula, a omissão de Ciro Gomes na luta eleitoral deste ano, não é nada menos do que escandalosa.
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