Proteção


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O ARQUIPÉLAGO das Cagarras: a partir de agora, fica proibida a extração de qualquer recurso natural num raio de dez metros ao redor das ilhas, que receberam o título de Monumento Natural / Foto de arquivo de Custódio Coimbra – O Globo
Tulio Brandão – O GLOBO
RIO – O Arquipélago das Cagarras deixou de ser apenas a mais bela vista do banhista carioca. O presidente Lula sancionou, sexta-feira, o projeto de lei do deputado federal Fernando Gabeira que cria o Monumento Natural das Ilhas Cagarras, unidade de conservação de proteção integral. A partir de agora, está proibida a extração de qualquer recurso natural num raio de dez metros de Cagarras, Palmas, Comprida e Filhote de Cagarras – assim como das ilhas Redonda e Filhote de Redonda, que não fazem parte do arquipélago. Será definida ainda a zona de amortecimento do monumento natural, onde também haverá restrições.
A luta pela conservação das Cagarras é antiga. Estavam em curso, ao mesmo tempo, um projeto no Executivo, sendo tocado pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e o do Gabeira, no Legislativo. A proposta do deputado foi sancionada com dois vetos – a exclusão da Ilha Rasa, que já é ocupada pela Marinha, e a correção do texto que fazia menção equivocada a indenizações a proprietários, uma vez que as ilhas são da União. Para Gabeira, a proteção das Cagarras é o início de uma nova relação da população com o mar:
- A ideia é usar o arquipélago com uma visão turística e pedagógica, estimulando o surgimento de empresas que explorem o turismo de mergulho, como em Fernando de Noronha. Há também uma proposta alemã de oferecer um barco de ecoturismo movido a energia solar.
O monumento natural ainda pode ganhar outra atração para o mergulho turístico, além da vida marinha. O ICMBio e a prefeitura do Rio estão discutindo a possibilidade de afundar um navio na área do arquipélago.
- Isso incrementaria as atividades de ecoturismo e até a extração de mexilhão. O custo de preparar o navio para afundar sem risco ambiental é de R$ 1,5 milhão. A Riotur desenvolveu o projeto e estamos estudando de que forma iremos viabilizá-lo – explicou o analista ambiental do ICMBio Rogério Rocco, que está à frente da gestão do novo monumento natural.
A sanção do projeto de lei pegou de surpresa o ICMBio, que vinha desenhando o formato da unidade com a participação de setores da sociedade. O projeto de lei aprovado cria obstáculos especialmente para a caça submarina e a extração de mexilhões, práticas tradicionais nas ilhas.
- Chegamos a propor o veto à inclusão da área marinha, mas a lei foi definida assim. Não há mais o que discutir. Vamos encontrar alternativas para o grupo afetado dentro dos limites do plano de manejo – explicou Rocco.
A intenção do ICMBio é administrar o Monumento das Cagarras em gestão compartilhada com a prefeitura, nos mesmos moldes do Parque Nacional da Tijuca. O órgão federal negocia ainda a adoção da unidade por uma grande empresa, que bancaria os custos de um barco, equipamentos e equipe por um período de três anos.
Postado por Luis FavreComentários Tags: Arquipélago das Cagarras, Gaberia, ICMBio, Lula, Monumento Natural das Ilhas Cagarras, proteção ambiental Voltar para o início
Um comentário:
Prezado Saraiva,
Pelo que li e vi, se esqueceram de escutar alguns setores que trabalham sério e comercializam sua produção extraída no arquipelago, como é o caso do marisqueiros, como os de Jurujuba, onde parte importante da sobrevivência destes e de suas famílias, há bons anos, são graças a explotação dos bancos de mexilhão do arquipélago.
Do jeito que está, enquanto os marisqueiros perderão um dos últimos bancos de mexilhão que ainda estão livres da poluição de nossas águas, verão (de longe) os mexilhões morrerem de velho nas Cagarras...
Manejo sustentável!
sds
Mauricio
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