Atualizado às 11h45m de 4 de abril de 2010
Com tantos temas políticos quentes como os que estão na praça, tais como pesquisas falsificadas ou declarações delirantes de ex-presidentes que deixaram o poder pela porta dos fundos e que agora se pretendem os salvadores não-solicitados de uma pátria que se rejubila por ver um governo chegar ao fim de forma diametralmente diferente da de oito anos atrás, alguns poderão achar que eu, como blogueiro político, não posso deixar de comentar tudo isso em momento tão preocupante da vida nacional.
Então me perguntei: como falar da mesquinhez da política no dia em que minha fé comemora a ressurreição de Jesus Cristo, o homem que mudou para sempre a face da Terra e deu início à Era Cristã? Porque, para os que compartilham esta fé que me emociona, que me norteia, que me abriga e que me sustenta, o domingo de Páscoa é um dia para dar graças por um único homem ter difundido valores que marcaram a história da humanidade.
Então me lembrei dos inúmeros estudos historiográficos e sociológicos que dão conta de que Jesus mudou o mundo através da política. Sim, porque, até então, seus conceitos não eram aceitos, ainda que continuem não sendo.
O conceito de igualdade entre os homens, por exemplo, foi uma pregação político-ideológica que gerou ao auto-proclamado Filho de Deus um tipo de oposição que, a despeito do surgimento do Cristianismo, atua até hoje da mesma forma que atuava há vinte séculos. Se Jesus surgisse hoje no cenário político, portanto, certamente lhe seria atribuída a pecha de “populista”.
Jesus enfurecia-se com a desigualdade e com os ricos capitalistas. Chegou a expulsar comerciantes de um templo a chicotadas ao se deixar tomar por um acesso de fúria e indignação contra o mercantilismo. Defendia o socialismo ao propor que todos os homens vivessem em igualdade de condições, inclusive de renda. Contestava a riqueza e a concentração de renda com o mesmo fervor que qualquer socialista de boa cepa faria nos dias de hoje ou durante a história recente da humanidade.
“Populista”, diriam Veja ou Estadão, Folha ou Globos, caso o filho de Deus vivesse nos dias de hoje e defendesse seu ideário. Sim, porque hoje não adiantaria Jesus se auto-imolar como fez há cerca de dois mil anos ao desafiar o governo de Herodes Antipas pregando contra a furiosa arrecadação de impostos por cobradores violentos que destruíam as vidas dos que se recusassem a financiar o deleite das elites dominantes, ainda que o livre mercado vigesse como defende hoje o capitalismo.
No tempo em que Jesus viveu, não existiam direitos trabalhistas exatamente como querem hoje os neoliberais. O Estado não se intrometia em atividade nenhuma, limitando-se a arrecadar. Todo o resto era privatizado para os amigos do rei. Para deixar que o povo bebesse água de um poço situado nos latifúndios da elite, havia que pagar. O Estado não se metia em uma atividade como essa ou em qualquer outra. Apenas cobrava os impostos. Era o paroxismo capitalista.
Jesus, que ousava contestar o ultra-capitalismo vigente e o Estado mínimo, foi destruído pela versão oficial, pela única versão que prevalecia nos meios de informação disponíveis, os quais pertenciam aos que tinham riqueza e estirpe como é hoje, o que lhes facultava fazerem prevalecer as versões mais mentirosas dos fatos ignorando e impedindo que se divulgasse provas em contrário exatamente como acontece hoje na grande mídia.
A tendência da opinião pública era falsificada. Apesar da enorme popularidade de Jesus, a minoria falava mais alto. Era dito ao povo que havia um clamor popular contra o “populista” Jesus Cristo, que, segundo a “mídia” de então, prometeria o impossível a um povo que estaria sendo “intoxicado” com falsas ilusões.
Nenhum deles percebeu, porém, o plano genial de Jesus. E muitos não compreendem até hoje por que o auto-proclamado filho de Deus deixar-se matar pela elite “salvaria” a humanidade, ou melhor, a parte dela que adotasse o ideário cristão. Não perceberam que a auto-imolação do dito messias, combinada com sua lendária ressurreição no terceiro dia posterior à sua morte excruciante, dividiriam a história em antes e depois de sua passagem pelo mundo (AC-DC).
Jesus Cristo pode muito bem ter sido apenas um político extraordinário que hipnotizou as massas com seu discurso então surpreendente sobre “igualdade”, que difundiu a esperança de uma vida melhor mesmo sendo do outro lado da vida. Ele sabia – e isso é o mais espantoso – que o egoísmo humano jamais seria vencido, mas também sabia que o amor sobreviveria para travar, até o fim dos tempos, a eterna luta do bem contra o mal, a luta que é a sina de todos nós. Alguns de um lado, outros do outro.
Sobre os ataques ao Vox Populi
Como de costume, entre os tentáculos da mídia serrista um levanta a bola para os outros "cortarem".Começou com a Folha soltando a notinha insinuante sobre questão absolutamente irrelevante no questionário do Vox Populi apresentado aos pesquisados e culminou com artigo do Estadão batendo na mesma tecla, pois é preciso desqualificar o desmascaramento do Datafolha.
O que essa gente não leva em conta é que as pesquisas são apenas um prenúncio do que de fato acontecerá, de maneira que, em alguns meses, saber-se-á quem diz a verdade.
Em campanhas eleitorais, porém, vige o mais descerebrado imediatismo dos grandes meios de comunicação de massa, dos que tentam manter o poder que já tiveram de escolher governantes através de campanhas publicitárias disfarçadas de "jornalismo". Jogam todas as fichas na burrice popular.
A pesquisa Vox Populi se coaduna com todas as outras anteriores, incluindo a última do Ibope. Quem destoou foi o Datafolha. A direita, porém, acha que o povo é burro demais para notar.
A existência do Vox Populi no "mercado" de pesquisas servirá de anteparo às novas manipulações estatísticas que pretendem reeditar o que ocorreu na Venezuela entre 2002 e 2004, quando as pesquisas davam Chávez como virtualmente derrotado até 30 dias antes do referendo revogatório.
Ao fim deste processo eleitoral conturbado, portanto, será aprofundado o aprendizado democrático da sociedade brasileira.
Note-se que, vendo como os tucanos e a mídia mentiram deslavadamente em 1998 ao dizerem que se Lula vencesse a eleição ele é que desvalorizaria o real, os brasileiros começaram a aprender a desconfiar deles.
Nos últimos anos, tudo o que a mídia disse aconteceu ao contrário. A Veja chegou a pregar que o dólar seria o melhor investimento dos anos Lula, a mídia inteira disse que o Brasil afundaria em crise econômica etc.
A cada vez que a midia vende uma mentira e ela se desfaz pouco adiante, a sociedade aprende mais um pouco. A falsificação de pesquisas pela família Frias e o endosso a essa falsificação pelas outras famílias midiáticas é apenas mais um capítulo do aprendizado democrático do povo brasileiro.
O imediatismo da mídia ao fazer apostas tão altas quanto o falso Datafolha acreditando, a cada factóide, que achou a tal "bala de prata", ensinará mais um pouco de democracia a este povo.
Valerá a pena passarmos por isso. Sobretudo pela lição que o povo brasileiro dará a essa gente em outubro.
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)
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