Gasoduto da Petrobrás tira mão de obra até de prefeitura
João Carlos de Faria – O Estado de S.Paulo
ESPECIAL PARA O ESTADO
PARAIBUNA
A população de Paraibuna, a 125 km de São Paulo, vive momentos de euforia com a construção do Gasoduto Caraguatatuba-Taubaté (Gastau), da Petrobrás, que já gerou mais de 5 mil empregos na região, absorvendo quase toda a mão de obra da cidade e trazendo muita gente de fora.
Há até quem tenha preferido deixar seus empregos no comércio ou de prestadores de serviços, em troca de melhores salários e outras vantagens oferecidas pelas empresas terceirizadas da Petrobrás.
“O salário é o dobro e tem convênio médico e tíquete-alimentação. A situação melhorou cem por cento”, diz a funcionária pública Marlene Messias Pereira da Silva. Ela é esposa de José Silvar Gusmão da Silva, que pediu afastamento por dois anos da prefeitura para trabalhar no Gastau. Com a diferença salarial, o casal vai terminar a casa própria.
Mas nem todos se dobraram à tentação. É o caso do vendedor João Paulo Rocha Barros, que há dois anos trabalha num depósito de material de construção. “E depois que essas empresas forem embora?”, pergunta, alegando que prefere a estabilidade.
A diretora de Administração do município, Leila Aparecida Lopes Sales Rangel, acha normal a migração da mão de obra local para uma grande empresa, que oferece melhores condições de trabalho. Isso, segundo ela, fomenta o comércio e tem movimentado a economia da cidade.
A falta de mão de obra para atender à demanda local e às empresas do próprio Gastau tem preocupado o presidente da Associação Comercial de Paraibuna, Luiz Roberto Gonçalves Andrade. “Houve grande impacto no comércio e até na zona rural, onde anda faltando mão de obra. Mas isso é bom, pois dá emprego e movimenta a economia.” Ele próprio foi vítima do assédio das empresas e acabou perdendo cinco funcionários de sua empresa.
No ano passado, segundo Andrade, a Associação formou, em convênio com o Senai, 27 soldadores-encanadores, todos empregados no Gastau. Outras 250 pessoas foram formadas na área de construção civil, para atender às necessidades locais.
Preocupação. “Isso é passageiro”, afirma o prefeito Antonio Marcos de Barros (DEM). Segundo ele, a obra, que chegou a reunir dez empresas no município, deve reduzir esse número para duas, no máximo, o que vai provocar “uma onda de desemprego”. Barros está investindo na atração de novas indústrias com a criação de um distrito industrial, com 250 mil metros quadrados, e pleiteia a implantação de uma sala descentralizada da Fundação Paula Souza na cidade.
No ano passado, a prefeitura – até então a maior empregadora do município, com 900 funcionários – arrecadou R$ 12 milhões com o Imposto sobre Serviços (ISS) dessas empresas, 25% do orçamento local. “Nesse ano não sabemos ainda”, diz Barros.
Com o dinheiro, a prefeitura acelerou as obras públicas, gerando empregos diretos e indiretos e comprando todo o material no comércio local. Além disso, criou um site, o “Emprega Paraibuna”, para cadastrar currículos e encaminhá-los às empresas.
Postado por Luis FavreComentários Tags: emprego, gasoduto, Paraibuna, Petrobras, prefeitura de paraibuna Voltar para o início
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