Destaco, por ser uma pessoa notória, o comentário que este blog recebeu do jornalista Ricardo Noblat. Foi reproduzido no corpo do post “As vivandeiras dos tribunais”, onde registrei sua opinião – expressa, porque veio com a observação “comentário meu” no seu concorridíssimo blog. Ele se dirige a mim de forma correta e respeitosa, e sabe que terá de mim o mesmo tratamento, espero.
Reproduzo sua opinião, que é essencialmente o conteúdo de um post que faz, sem mencionar meu nome.
“Caro deputado Brizola Neto: Eleição não se ganha apenas no voto. Você pode roubar votos e ganhar uma eleição. Ela não será legítima. Você pode desrespeitar a lei, extrair vantagens disso e ganhar. A eleição não será legítima. A legitimidade dela decorre do respeito à lei. Foi a Justiça quem multou Lula quatro vezes por fazer propaganda antecipada da candidatura de Dilma. Ela, e somente ela, pode declarar legítima ou não a eleição de quem quer que seja. A Justiça cassou o mandato de 3 governadores – Maranhão, Tocantins e Paraíba. Fora os cassados e seus partidários do peito, não vi ninguém dizer que a Justiça aplicou um golpe. Geralmente a Justiça é vítima de golpes. E também de sua própria lerdeza e miopia. Não interprete tudo isso que digo como uma defesa da cassação da candidatura de Dilma. Porque não é. Tenho horror a cassações. Como tenho horror à ilegalidade. Por último: conheci muito seu avô. Ele chegou a me sondar para ser deputado federal pelo PDT do Rio quando fui demitido do Jornal do Brasil menos de uma semana depois da eleição do presidente Collor. Nem por isso deixei de criticá-lo quando defendeu a prorrogação do mandato do último general-presidente da ditadura. E quando tentou salvar Collor do merecido impeachment. Desejo-lhe sucesso como deputado. Se tiver herdado metade da coragem do seu avô, o senhor poderá ir longe.”
Com o respeito que merecem os anos de experiência política que Noblat tem a mais que eu, ouso discordar de algumas coisas que afirma.
Eleição se ganha, sim, no voto, e apenas no voto.
“Você pode roubar votos e ganhar uma eleição. Ela não será legítima. Você pode desrespeitar a lei, extrair vantagens disso e ganhar. A eleição não será legítima. A legitimidade dela decorre do respeito à lei”
Quem rouba votos ou extrai vantagens eleitorais do desrespeito à lei não ganha, frauda. Se meu avô não tivesse desmontado a fraude da Proconsult o que haveria não seria uma vitória, mas uma fraude.
“Foi a Justiça quem multou Lula quatro vezes por fazer propaganda antecipada da candidatura de Dilma. Ela, e somente ela, pode declarar legítima ou não a eleição de quem quer que seja.
As decisões judiciais devem ser respeitadas, mas nem por isso são incriticáveis. Muito menos quando assumem uma invasão judicial no campo da política. É minha opinião pessoal, e a de muitos brasileiros, que o presidente Lula manifestar sua preferência por Dilma, sem pedir votos, faz parte da legitimidade democrática. É uma manifestação pessoal que, a meu ver, ele não apenas pode como deve fazer, para que os brasileiros se esclareçam. Isso é totalmente diferente de valer-se do cargo para fazer campanha pedindo votos ou empregando nisso recursos públicos.
A menção ao seu blog se deveu à observação que nele fez, frisando que era sua opinião pessoal, que faltava “ao tribunal coragem para tomar medidas mais drásticas” contra a candidatura Dilma. Noblat é um profissional traquejado o suficiente para saber que isso é sua avaliação, subjetiva, e que dizer que o Tribunal não tem coragem de tomar uma medida mais drástica é uma expressão muito forte, quase que uma cobrança por uma decisão, coisa que eu mesmo jamais usei para com o Poder Judiciário, no meu legítimo exercício de criticar decisões ali tomadas.
O jornalista Ricardo Noblat, que é, sem dúvida , um dos grandes formadores de opinião deste país, está convidado por mim a fazer o mesmo tipo de julgamento, dada sua imparcialidade, sobre o uso indevido do tempo do Dem para veicular discursos de Serra e a mesma intenção, anunciada hoje nos jornais, de fazer o mesmo com o tempo do PTB, segundo Roberto Jefferson. Os elementos – o vídeo, a transcrição e o texto expresso da lei 9096 estão todos aqui à disposição.
Com o horror à ilegalidade que diz – e acredito - ter, seria de todo produtivo que fizesse um exame dos fatos que exponho aqui. E que não são interpretações, são objetividades da letra da lei. Certamente, uma observação peremptória como a que fez em relação a Dilma poderia ajudar a abrir os olhos de nossa Justiça Eleitoral para os atropelos que há ali. E deliberados, planejados, com a coordenação de um marqueteiro.
Quanto a suas observações sobre atitudes de meu avô, não as vou discutir aqui. Com toda a certeza, teremos oportunidade de conversar sobre elas.
E como é titular de um blog, muito mais visitado que o meu, sabe bem Noblat a dificuldade e os limites de controlarem-se comentários. Por isso, não abrirei este post a eles, para evitar acirramentos de ânimos. Os meus, pessoalmente, estão pra lá de serenos, o suficiente até para agradecer de coração os seus votos de sucesso..
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