Gullar vem se dedicando a destilar um ódio mortal ao PT e lulismo. Poucos compreendem os motivos subterrâneos que alimentam esta intenção. Ontem, contudo, ele inicia seu artigo com uma ponderação: "pode ser que eu me engano", intitula suas críticas. A humildade do título procura encobrir uma certeza pessoal do autor. Talvez, justamente porque tem toda certeza do mundo, resolveu iniciar com uma declaração de humildade. Gullar afirma que Lula e seus apoiadores chegaram ao poder para ficar. Este seria seu principal objetivo. Trata-se de uma verdade incontestável. O erro do artigo, contudo, é tentar fazer da política brasileira um jogo de ping-pong. Porque Gullar não ataca por espírito crítico, mas para defender ou opor o desafeto ao que poderia ser um glorioso futuro para o país. Aí faz política. E da pior espécie, porque não é franco com o leitor.
Gullar procura contrapor o lulismo ao fernandohenriquismo. Um atalho dos mais duvidosos. Porque os governos FHC fizeram exatamente o mesmo que os governos Lula no que tange ao uso do aparelho estatal e dinheiro público para fins de permanência no poder. Não teria sido o ministro Sergião que afirmara que o objetivo do PSDB era ficar anos e anos no poder? O que levaria Gullar a duvidar do ministro fernandohenriquista?
Em algum momento valeria a pena analisar os motivos da central sindical social-democrata só ter existido durante a gestão FHC. Talvez, a resposta estaria justamente num dos pilares que os críticos partidários do lulismo destacam: o uso dos recursos do FAT.
Também valeria a pena rastrear o que foi feito do Banco da Terra. Ou o que foi feito com os recursos das privatizações de estatais.
O que não acho justo é criar tal maniqueísmo "analítico". Porque a justa crítica que Gullar faz ao lulismo cabe como uma luva nas mãos dos fernandohenriquista. O que não deixa a política brasileira melhor. Simplesmente a faz igual.
No Rudá Ricci
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