A
insuspeita Folha de S. Paulo, em matéria de 16 de junho de 2006
(matéria abaixo), informa sobre a validação da “Lista de Furnas” como
autêntica, pela criminalística da Polícia Federal. Matéria de Veja, que
chegou às bancas neste sábado aposta no esquecimento e na confusão, para
desinformar. Segundo a revista semanal a “Lista de Furnas” é produto de
uma fraude. A PF diz que não. Nesse caso, em quem você acredita?
São Paulo, sexta-feira, 16 de junho de 2006
Novo laudo da PF indica que lista de Furnas é autêntica
Assinados por ex-diretor da estatal, papéis citam campanhas de Alckmin e Serra entre beneficiárias; tucanos negam veracidade
Rubens Valente, Folha de S. Paulo
A
Polícia Federal confirmou ontem a autenticidade da chamada “lista de
Furnas”, documento de cinco páginas que registra supostas contribuições
de campanha, num esquema de caixa dois, a 156 políticos durante a
disputa eleitoral de 2002. No total, eles teriam recebido R$ 40 milhões.
Segundo
a assessoria da direção geral da PF, em Brasília, perícia do INC
(Instituto Nacional de Criminalística) concluiu que a lista não foi
montada e que é autêntica a assinatura que aparece no documento, de
Dimas Toledo, ex-diretor de engenharia de Furnas, empresa estatal de
energia elétrica. A PF informou, contudo, que não tem como atestar a
veracidade do conteúdo da lista. Os papéis citam empresas que teriam
colaborado para um caixa dois administrado por Dimas Toledo.
Entre
as campanhas eleitorais supostamente abastecidas pelo esquema estão as
do então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, hoje candidato à
Presidência pelo PSDB, do ex-prefeito de São Paulo José Serra (PSDB),
atual pré-candidato ao governo paulista, e do atual governador mineiro,
Aécio Neves (PSDB). As campanhas em 2002 teriam recebido,
respectivamente, R$ 9,3 milhões, R$ 7 milhões e R$ 5,5 milhões. Tucanos
negam.
Lobista
A
perícia foi feita em papéis originais entregues à PF pelo lobista
mineiro Nilton Monteiro, 49, que diz tê-los recebido das mãos de Dimas,
no início de 2005, quando o então diretor de Furnas tentava convencer
políticos de vários partidos a mantê-lo no cargo.
Acusado
de calúnia por 11 deputados estaduais de Minas Gerais, Nilton Monteiro
decidiu entregar em 5 de maio os originais aos delegados da PF de
Brasília Luiz Flávio Zampronha, Pedro Alves Ribeiro e Praxíteles
Praxedes, que conduzem as investigações.
Até
então, a PF tinha em seu poder apenas uma cópia autenticada. A perícia
na cópia, também feita pelo INC, apontou indícios de montagem e fraude.
Dimas
Toledo, que exerceu a diretoria entre 1995 e 2005, até a denúncia de
caixa dois feita à Folha pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ),
sempre negou ter assinado os papéis (leia texto nesta página).
“Ele
assinou [a lista] na minha frente. Ele me usou até um determinado
momento, depois me abandonou”, disse ontem Monteiro. O lobista afirma
ter se aproximado de Dimas em 2004 por ser, à época, procurador da
empreiteira JP Engenharia. A empresa estava interessada em assinar um
contrato com Furnas em torno de um projeto de infra-estrutura que havia
sido suspenso pela diretoria de engenharia.
Segundo
o lobista, Dimas contou que havia uma ação nos bastidores para tirá-lo
do cargo e, por isso, pediu-lhe ajuda para fazer um trabalho de lobby
com políticos de vários partidos.
O
lobista afirmou que, no início de 2005, Dimas fez quatro cópias da
lista. Os supostos destinatários das cópias, sempre segundo Monteiro,
seriam Aécio Neves, Roberto Jefferson, o presidente do PMDB, Michel
Temer, e o então presidente do PSDB, Eduardo Azeredo.
Mas
as cópias não chegaram a ser entregues, segundo Monteiro. Ele diz que o
original ficou com uma pessoa ligada a um escritório de advocacia do
Rio. “Ela ficou como guardiã dos documentos até agora.”
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