Brasil 247
POR
MAIS QUE DESQUALIFIQUEM O LIVRO DE AMAURY RIBEIRO, FHC, SERRA E OS
PRINCIPAIS LÍDERES DO PSDB PERDERAM A BATALHA DA PRIVATIZAÇÃO. O MOTIVO É
UM SÓ: RICARDO SÉRGIO DE OLIVEIRA VIROU SINÔNIMO DE CORRUPÇÃO NO
BRASIL; ARTIGO DE LEONARDO ATTUCH.
16 de Dezembro de 2011 às 05:01
Leonardo
Attuch _247 – “Lixo, lixo”, disse José Serra. “Literatura menor”,
emendou Aécio Neves. “Infâmia”, completou Fernando Henrique Cardoso.
Com
a declaração de FHC, os três principais líderes do PSDB finalmente
emitiram sua opinião sobre “Privataria tucana”, livro lançado na última
semana pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior, que tem realimentado a
guerra política entre PT e PSDB – dois partidos que, na vida real, têm
muito mais semelhanças do que diferenças.
Polêmico
por natureza, o trabalho de Amaury dividiu a crítica em dois grupos: a
turma do “não li e não gostei”, tucana, e a dos que “não leram e
gostaram”, petistas.
Pouca
gente realmente se deu ao trabalho de atravessar as duzentas e poucas
páginas do livro. Eu fui um deles. E ainda que haja eventuais erros de
apuração e de análise, o livro não pode ser comparado ao “dossiê Cayman”
e à “lista de Furnas”, como querem os tucanos. Aliás, abre parêntese,
não deve ter sido coincidência o fato de Veja ter dedicado sua capa
desta semana à suposta montagem da lista de Furnas – era uma vacina.
O
que diferencia “privataria” dessas “infâmias”, como diria FHC, tem nome
e sobrenome. Trata-se de Ricardo Sérgio de Oliveira, um personagem que
se transformou em sinônimo de corrupção no Brasil – e à prova de
falsificações. Flagrado nos grampos do BNDES, Ricardo Sérgio se
vangloriava por trabalhar “no limite da irresponsabilidade”.
FHC sabe que Ricardo Sérgio é indefensável. Tanto que o demitiu tão logo os grampos do BNDES vazaram.
José
Serra também sabe que Ricardo Sérgio é indefensável. Tanto que jamais
deu ou dará qualquer declaração a favor do personagem.
E
quem foi Ricardo Sérgio? Simplesmente, o principal arrecadador de
campanha do PSDB na era FHC. E que caiu de paraquedas no Banco do
Brasil, na diretoria internacional, com poderes absolutos sobre o cofre
dos fundos de pensão, na época da privatização.
Um personagem que não estava ali por acaso. Estava ali para fazer o que fez. E como fez...
No
livro, Amaury traz fatos novos, mas também requenta muito do que já
havia sido publicado na imprensa – inclusive por mim (leia, no fim deste
artigo, a reportagem “Um roteiro de propina”, publicada na Istoé
Dinheiro, sobre o esquema montado na venda da Telemar).
Entre
as novidades de Amaury, estão os documentos que mostram como a Petros,
fundo de pensão da Petrobras, adquiriu edifícios adquiridos por Ricardo
Sérgio e seu “laranja” Ronaldo de Souza, logo após a privatização. Ou
ainda as transações financeiras entre Ricardo Sérgio e Gregório Marin
Preciado, “primo” de José Serra. Ou, quem sabe, as transferências entre
Ricardo Sérgio e Carlos Jereissati, um dos donos da telefonia no Brasil.
Se
os tucanos estão tão indignados com o livro, deveriam processar o
autor, tratado por eles como “falsário”, e periciar os documentos
apresentados.
Mas eles não vão se mexer.
Se o fizerem, descobrirão que Ricardo Sérgio é exatamente aquilo que todos sempre souberam que é.
E se os petistas estão tão eufóricos com o livro, deveriam também sugerir ao autor uma suíte chamada “Privataria petista”.
Vão acabar descobrindo que há muitos Ricardos Sérgios também do seu lado.
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