Em
entrevista ao 247, Luiz Fernando Emediato, dono da Geração Editorial,
revela como o ex-governador paulista agiu para barrar o livro; num dia,
15 mil exemplares vendidos; em breve, ele estará na lista de “Mais
Vendidos” até da Veja
“A
Privataria Tucana”, de Amaury Ribeiro Júnior, é um livro polêmico,
escrito por um jornalista não menos polêmico, mas certamente competente
no que faz. Ex-repórter especial da revista Istoé e do jornal O Globo,
Amaury já faturou vários prêmios Esso, que foram celebrados por seus
colegas e patrões. Na campanha presidencial de 2010, Amaury caiu em
desgraça, acusado de tentar comprar dados de familiares de José Serra
protegidos por sigilo fiscal. Neste fim de semana, o jornalista vive sua
redenção pessoal. É ele o autor do maior fenômeno editorial brasileiro
dos últimos anos. Um livro, que, embora boicotado pelos veículos
tradicionais de comunicação, vendeu 15 mil exemplares em um dia, sendo
disputado nas livrarias como pão quente.
Por
trás desse sucesso, há o dedo de um editor não menos polêmico e também
muito competente. É o jornalista Luiz Fernando Emediato, dono da Geração
Editorial, que tem estendido a mão a repórteres dispostos a contar boas
histórias. Recentemente, ele emplacou grandes sucessos de cunho
político, como “Memória das Trevas”, sobre Antônio Carlos Magalhães,
vulgo Toninho Malvadeza, e “Honoráveis Bandidos”, sobre a família
Sarney, escrito por nosso nobre colaborador Palmério Doria.
Emediato
falou ao 247 sobre o desempenho comercial de “A privataria tucana”. E
também revelou que o ex-governador paulista agiu para evitar a
publicação.
247 – Você esperava esse desempenho de um livro sobre privatizações que aconteceram há tanto tempo?
Luiz Fernando Emediato – Nunca vi nada igual. Foram 15 mil livros vendidos num único dia. É um fenômeno.
247 – Como foi a estratégia de divulgação?
Emediato –
Nós tínhamos receio de alguma ordem judicial que impedisse a
distribuição. E não mandamos para nenhuma redação. Apenas o autor enviou
um exemplar para a Carta Capital, mas todo o barulho foi feito na internet,
inclusive por vocês que anteciparam o lançamento. O sucesso prova que
há uma grande transformação na sociedade brasileira e revela a força da blogosfera.
247 – A Geração já mandou rodar uma nova edição?
Emediato –
Estamos imprimindo mais 15 mil. Subestimamos a demanda, mas o erro não
foi só nosso. Algumas livrarias não estavam acreditando. Mas em uma
semana o livro estará, de novo, em todos os pontos comerciais.
247 – Você sofreu alguma pressão para não publicar o livro?
Emediato – Eu não diria pressão, mas há alguns dias fui procurado por uma pessoa que propôs uma conversa com o ex-governador José Serra.
247 – Quem foi?
Emediato – Era o Antônio Ramalho, um sindicalista do PSDB que é vice-presidente da Força Sindical.
247 – Você se sentiu intimidado?
Emediato –
Não foi exatamente uma intimidação, até porque a abordagem do Ramalho,
de quem sou amigo, foi muito elegante. Sentamos, tomamos um café, ele
disse que o Serra queria conversar, eu disse que não e pagamos a conta.
Num país democrático, quem se sentir incomodado tem o direito de me
processar. Teve uma vez que o Guilherme Afif (vice-governador de São
Paulo) veio me atacando aos berros, mas eu não dei muita bola.
247 – Você espera muitos processos?
Emediato –
Pode ser, mas os nossos advogados dizem que a chance de perdermos é
muito pequena. O livro é muito bem documentado. E não há ataques
pessoais. São fatos concretos.
247 – Serra é tido como uma pessoa vingativa.
Emediato –
Dizem que o Serra não tem adversários, tem inimigos. Eu acho até que já
fui vítima dele, numa matéria da Veja, chamada “O lado negro da Força”,
onde me enfiaram sem que eu tivesse nada a ver com aquilo. Mas não foi
isso que me levou a publicar o livro. E eu, que me senti ofendido pela
Veja, processei a revista. Acho que vou ganhar.
247 – Com esses dados de vendas, o livro certamente entrará na lista de mais vendidos. Você acha que entra na Veja?
Emediato –
Tem que entrar, se não vai ficar muito feio para eles. A velocidade de
vendas da “Privataria Tucana” é superior à do “Honoráveis Bandidos”, que
começou em quarto, subiu para terceiro, segundo e depois ficou várias
semanas em primeiro. Se a Veja não colocar vai ficar feio, porque o
livro certamente entrará na lista da Folha, do Estadão, da Época...
247 – Como foi 2012 para a Geração Editorial?
Emediato –
Foi nosso melhor ano. Éramos uma editora pequena, que faturava R$ 3
milhões/ano. Ainda somos pequenos, mas vamos chegar a uns R$ 7 milhões
ano.
247 – Qual é o papel deste livro no momento de “faxina ética”?
Emediato – Talvez seja um remédio contra a hipocrisia.
Leonardo Attuch
No Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário