sexta-feira, 30 de março de 2012

QUE NÃO SE PERCA O NOSSO GRANDE FUTURO

Era uma vez um pequeno país, de certa homogeneidade étnica e geográfica. Havia, neste país, uma profunda concentração de renda, em que 80% das suas riquezas pertenciam a menos de 10% da população. Uma história de injustiças sem precedentes, inclusive com períodos ditatoriais civis e militares. Apesar disso, possuía uma classe média assalariada flutuante dada a um consumismo, mas com certo poder de organização.

Certo dia, após inúmeras tentativas, em parte decorrentes dessa organização, um cidadão, trabalhador de muita habilidade política, não pertencente aos citados 10% dominantes da população, ganhou as eleições para Presidente da República, contra todas as ações e ofensivas desferidas por essa elite, suas instituições e seus meios de comunicação de massa. Ações que já prediziam a rejeição das possíveis perdas de privilégios produzidos, sustentados ou patrocinados pelo Estado.

O cidadão eleito não optou por uma ruptura precipitada do até então "status quo" corrente. Preferiu, dado que não possuía maioria no Parlamento e a passividade histórica do seu povo, mudanças mais brandas, em uma coalizão de centro-esquerda, para descontentamento de alguns, inclusive do seu próprio partido. Acreditava que não iria muito longe e que não conseguiria nenhuma mudança, caso as fizesse bruscamente, tão arraigados eram os vícios, os desmandos e a força econômica da classe até então no poder.

A referida classe perdeu dentro do jogo democrático, pois não havia mais margem para fraudes e armações. Porém, como já se previa, quis, a todo custo, nos anos que se seguiram, ganhar no tapetão, buscando os mais diversos métodos e várias frentes: setor privado  promovendo, junto a alguns políticos e juízes, grampos ilegais, falsos dossiês, aproximações duvidosas e tentativas de suborno de autoridades ligadas ao governo, ao partido do Presidente e até de seus familiares ; governos locais conservadores; parte do Parlamento – políticos fisiologistas e/ou de direita  e da Justiça. Em que pese a ação de alguns aloprados de seu partido, tudo foi muito bem orquestrado, enfocado, priorizado e ampliado por uma mídia moderna tecnologicamente, porém bem rude social e politicamente. Um verdadeiro massacre, guardando alguma semelhança ao que provocara, décadas antes, o suicídio de outro Presidente.

Nada de anormal, pois onde já se viu, na história da humanidade, membros abastados e privilegiados de uma sociedade quererem dividir, diminuir ou perder “de mão beijada” suas regalias para a maioria média ou pobre, sem revolução?

Entretanto, o trabalhador Presidente não se deixou abalar, apesar de várias baixas na sua equipe. Perseguiu o objetivo maior para o qual foi eleito: diminuir as desigualdades sociais, enormes naquele pequeno país, garantir um desenvolvimento sustentável e fortalecer suas precárias democracia e instituições. E conseguiu ir muito além do que se imaginava!

Implantou um programa social robusto, tendo como foco a segurança alimentar e contrapartida educacional e de saúde para crianças, jovens e adultos; um programa de luz e energia para todas as localidades e de cisternas para todas as famílias carentes de áreas secas do país; iniciou uma obra de integração (transposição) de um importante rio para uma faixa semi-árida e pobre do seu território. Por outro lado, criou e ampliou universidades e escolas técnicas públicas; adotou um programa de bolsas em faculdades particulares. Aumentou o poder de compra do salário mínimo; recompôs os salários dos servidores públicos e aposentados em geral, assim como iniciou a primeirização do serviço público, abrindo diversos concursos. Diminuiu a inflação, a relação dívida interna/PIB, a dívida externa, o risco-país e o desemprego; fez ajuste fiscal; aumentou e diversificou as exportações; implantou um programa de biodiesel; investiu no agronegócio; incentivou a agricultura familiar e fez pesados investimentos na empresa estatal de petróleo. Ampliou e reaparelhou os órgãos federais de controle como a polícia, controladoria, receita fazendária e os órgãos de meio ambiente, cooperando com os ministérios públicos e as justiças federais e locais, não dando trégua à corrupção e diminuindo o desmatamento.

Neste período, a grande maioria da população não era informada das ações do trabalhador Presidente, a não ser pela internet (quem tinha acesso) ou por propagandas oficiais. Era, pelo contrário, diuturnamente bombardeada com informações negativas, colocando o país no pior dos mundos: iminência de catástrofes, crises administrativas, sociais, econômicas, políticas, ambientais e até aéreas; uma denúncia por semana, uma CPI por mês. As investigações feitas pelos órgãos do governo eram noticiadas amplamente se houvesse algum alvo dentro do próprio governo. O massacre já referido. 

Mas quais não foram as surpresas, as pessoas evoluíram, sentiram no seu dia a dia a melhora nas suas vidas, o massacre não surtiu o efeito desejado, a internet muito contribuiu e o Presidente conseguiu ser reeleito, num segundo turno, sem a maioria do seu partido e de seus afins de esquerda no congresso, é verdade, mas conseguiu.

O trabalhador Presidente concluiu o seu segundo mandato, em que, além da continuação das políticas anteriores, teve seu foco nos investimentos em infraestrutura (ferrovias, rodovias, portos, estaleiros, refinarias, gasodutos), energia (petróleo, biocombustíveis, hidrelétricas, eólica, termelétrica) e moradia. Conseguiu zerar a dívida externa, fazer-se credor internacional, inclusive dos americanos, elevar a economia do país ao “grau de investimento” e tornar-se autossuficiente em petróleo, mudando o seu marco regulatório e com perspectiva de ser grande exportador no futuro, após sucateamento e quase privatização de sua estatal petrolífera no governo anterior. Viu melhorar a cada dia todos os índices de qualidade de vida dos cidadãos, diminuir a extrema pobreza e o desemprego, aumentar as classes ditas médias e a renda da população, apesar da crise financeira mundial de 2008. Socializou o ingresso de estudantes nos institutos de educação e universidades públicas, por meio do exame nacional do ensino médio, conseguiu trazer a Copa de 2014 e Olimpíada de 2016 para o país, e planejou para os próximos seis anos investimentos em todas as áreas (principalmente em infraestrutura, educação, saúde, moradia e meio ambiente), por meio do chamado PAC 2. E os entreguistas jamais o perdoarão por isso...

O pequeno país ainda é injusto, parte das elites ainda se encontra pendurada às suas tetas, mas os avanços foram inegáveis. O ciclo reinicia-se para o governo de sua sucessora, os ataques já recomeçaram, e espera-se que a população continue sempre dando um passo adiante; não perca o seu grande futuro, eleja candidatos dos poderes executivos municipais, estaduais e federal (prefeitos, governadores e presidente) que trabalhem efetivamente para o povo, e também eleja bases de apoio nos poderes legislativos (vereadores, deputados estaduais, federais e senadores) compatíveis com os respectivos executivos eleitos.

Bom, contei esta história para elucidar de maneira sintética o que se passou no Brasil do governo Lula e que já se esboça agora no governo Dilma. Considere os mesmos avanços alcançados, as resistências permanentes de suas classes abastadas e sua mídia, só que com as dificuldades alargadas, já que não temos um homogêneo e pequeno país, mas um País de dimensões continentais com imensas variações geográficas, étnicas, religiosas, ideológicas, sociais, culturais e econômicas. Tais dimensões se explicam no tamanho dos investimentos do PAC 2, 1,6 trilhões de reais até 2016.

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