sexta-feira, 30 de março de 2012

Lula voltou com a língua bem afiada : “Serra é um político de ontem com ideias de anteontem”


Liberado pela equipe médica a retomar gradativamente a atividade política, o ex-presidente Lula, que na quarta-feira foi informado da remissão completa do tumor na laringe, já escolheu o principal alvo nesta eleição: o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra. "Serra é um político de ontem com ideias de anteontem", disse o ex-presidente a interlocutores.

O ex-presidente passou por outra sessão de fonoterapia ontem, no Hospital Sírio-Libanês. Enquanto se recupera do desgaste do tratamento de cinco meses, aliados contam que Lula se prepara para o embate eleitoral "afiando a língua".

Ávido para retomar suas atividades sem o penoso tratamento contra o câncer, Lula avisou aos aliados que vai voltar a percorrer o País em meados de abril, após o retorno das férias marcadas para a próxima semana. "Ele está doido para andar o Brasil", contou o senador Jorge Viana (PT-AC), após visitar o ex-presidente ontem, acompanhado do líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA).

"GRANDE EVENTO"

No PT, já se fala na preparação de um "grande evento" em abril para comemorar a recuperação de Lula. "O ganho dele merece várias comemorações", pregou Viana.

Lula também recebeu ontem a visita do governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, e do prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes. À tarde, falou com o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, por telefone.

O ex-presidente conversou por duas horas no Instituto Lula com os petistas Pinheiro e Viana. Mesmo com a voz ainda debilitada, insistiu em ouvir os relatos sobre a crise entre o governo e a base aliada. "Ele quis saber de tudo, quis saber como pode ajudar", disse Viana.

Lula já avisou, inclusive, que vem a Brasília em breve conversar com as bancadas do PT e da base de apoio do governo.

DEM faz exigências

O DEM resolveu apertar o cerco e avisou o PSDB que a indicação do candidato a vice na chapa do pré-candidato do PSDB à Prefeitura, José Serra, é condição para fechar a aliança em São Paulo. A ação foi uma resposta aos tucanos que fizeram chegar à cúpula do DEM informações de que Serra não aceitaria "vetos" a quem escolher como vice.

Em café da manhã na casa do presidente do DEM, senador José Agripino Maia, a cúpula do partido reforçou a tese de que deve ser do partido o postulante ao cargo. Também disseram que, para fechar a aliança, o PSDB terá de apoiar ACM Neto à Prefeitura de Salvador. A operação na Bahia, capital que o DEM vê como estratégica, entrou no pacote.

Em São Paulo, o DEM trabalha com o nome do secretário estadual Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Social) para vice.

CONVERSAS COM FHC

Agripino já havia se encontrado com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pediu que os tucanos cedessem nas negociações em favor do DEM, em razão da fragilidade em que a sigla se encontra com a perda de quadros para o PSD.

Dono do quinto tempo de TV no horário eleitoral, o DEM alega que a indicação do vice consta de acordo firmado com o governador Geraldo Alckmin no ano passado. Ocorre que as conversas começaram antes da definição da candidatura de Serra.

O tucano não descarta a possibilidade de indicar um vice ligado ao prefeito Gilberto Kassab, desafeto do DEM. No Congresso, aliados de Serra estão em campanha pelo secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider (PSD), que já foi do PSDB.

SAIBA +

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) disse que ele e a ex-primeira dama Marisa Letícia comemoraram com um "vinhozinho" a avaliação médica de que o tumor do ex-presidente Lula desapareceu.

Segundo ele, o ex-presidente não pode acompanhar o vinho por conta dos resquícios do tratamento contra um câncer na laringe.
 

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