“O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) usou
de seu prestígio político para tentar remover um dos principais agentes de uma
das investigações sobre a exploração ilegal de máquinas caça-níqueis e
videopôquer chefiada por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Numa reunião com o ex-secretário nacional
de Justiça Pedro Abramovay, Demóstenes pediu que o agente da Polícia Federal
José Luiz da Silva fosse transferido de Anápolis, centro da investigação, para
Goiânia.
O senador fez o pedido no segundo semestre
de 2009, no auge da investigação, que resultou no relatório sobre as ligações
de Demóstenes e outros parlamentares com Cachoeira. No pedido de afastamento do
policial, o senador alegou que Silva estaria ameaçando de morte um ex-namorado
de sua própria filha, de 13 anos de idade.
A PF abriu uma investigação preliminar e
descobriu que a versão da ameaça tinha sido contada pela metade. O policial
teve, de fato, um entrevero e até atirou no rapaz. Mas o caso acontecera em
2001, oito anos antes da queixa do senador.
A polícia concluiu que, naquele momento,
não havia perigo algum para o rapaz supostamente ameaçado. Um dos dirigentes
locais da PF em Goiás, área de forte influência de Demóstenes, até sugeriu ao
agente que se mudasse para Goiânia, por questão de segurança, mas o agente
disse que era uma questão de honra permanecer em Anápolis e que não aceitaria
ser transferido porque não cometera nenhuma irregularidade.
O policial foi mantido na cidade, se
aposentou em 2010 e não há registro de que tenha ameaçado quem quer que seja. Em
2009, o relatório das investigações foi enviado à Procuradoria-Geral da
República. Para o procurador-geral Roberto Gurgel, há indícios de crime na
relação de Demóstenes com Cachoeira. Caberá ao ministro Ricardo Lewandowski decidir
se abre inquérito.”
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