Clientes fazem saques preventivos; Moody’s rebaixa nota de crédito de 16 instituições e quatro regiões do país
Taxa de juros para financiar dívida do governo quase dobra; Bolsa de Madri tem mais um dia de queda
LUISA BELCHIOR COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MADRI
A Espanha enfrentou ontem um dia de pânico no setor bancário, em processo semelhante ao já verificado na Grécia.O principal fator foram rumores de fuga de correntistas do Bankia, banco estatizado há uma semana.
A Bolsa de Madri caiu 1,11%, e as ações do Bankia, terceiro maior banco do país, despencaram 14%.
No meio do dia, no entanto, chegaram a cair 29%.
O Tesouro teve de quase dobrar os juros pagos para conseguir emitir seus títulos.
Cresceram também os boatos de que o país poderá adotar algo parecido com o “corralito” -congelamento parcial de depósitos bancários usado pela Argentina na crise de 2001. O governo negou, porém.
O pânico começou logo de manhã com reportagem do jornal “El Mundo”, segundo a qual clientes do Bankia já sacaram € 1 bilhão (R$ 2,5 bilhões) desde que o governo estatizou a instituição.
No fim da noite, agência de classificação de risco Moody´s rebaixou as notas de 16 bancos espanhóis.
Os que mais caíram, em três graus, foram Santander, BBVA e Caixabank, de Aa3 para A3, e Bankinter, de A2 para Baa2.
Quatro comunidades autônomas espanholas -espécie de Estados com mais autonomia- também foram rebaixadas pela agência por problemas com o deficit em 2011.
Duas delas, Catalunha e Múrcia, caíram para o nível Ba1, no qual já não são consideradas como investimentos confiáveis.
Ao longo do dia, governo e a direção do Bankia negaram os saques dos clientes, mas só os rumores já foram suficientes para fazer cair a Bolsa de Madri.
O Bankia só não terminou o dia em situação pior porque precisou utilizar € 33 milhões (R$ 82,5 milhões) de capital próprio para adquirir suas ações, contendo um pouco a desvalorização.
AMEAÇA
Em Madri, clientes do Bankia mostraram sinais de preocupação. Uma correntista abordou o ministro da Economia, Cristóbal Montoro, na porta do ministério, ameaçando “matar se me tirarem as economias que tenho há 13 anos no banco”.
No centro da cidade, a Folha encontrou três correntistas do banco que fizeram saques por precaução.
“Tenho pouco dinheiro e acho que a nacionalização deu mais segurança, mas saquei € 1.000 (R$ 2.500) por via das dúvidas”, disse a bailarina María Martínez.
Com o furacão de rumores e a Bolsa em queda livre no início do dia, o governo teve que subir para 4,4% juros pagos por títulos a três anos em leilão realizado pelo Tesouro na manhã de ontem.
Em comparação, em abril, os mesmos títulos foram negociados a 2,9%.
“Não podemos comparar Espanha com Grécia e Portugal, mas ninguém pode aguentar tanto ataque especulativo”, disse à Folha o professor de finanças Instituto de Economia da Universidade de Navarra, Jorge Soley.
Postado por Luis Favre
Comentários Tags: Bancos, crise, Espanha, Euro, Europa, Internacional, UE
Do Blog do Favre.
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