Protestos ocorrem em várias cidades do País; ativistas manifestam apoio à Comissão da Verdade
Manifestantes fazem uma nova rodada de "esculachos" contra torturadores e
agentes ligados à ditadura segunda-feira, 14, em várias cidades do
País. Os protestos ocorrem poucos dias depois de a presidenta Dilma
Rousseff nomear os membros da Comissão da Verdade, destinada a esclarecer casos de violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988.
No Guarujá, litoral de São Paulo, cerca de cem pessoas protestaram em frente ao prédio onde mora tenente-coronel reformado Maurício Lopes Lima, denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) como torturador. Membros do grupo Levante Popular da Juventude,
que organiza os atos, afirmaram ter recebido informações de que o
ex-militar, chamado de "torturador da presidente Dilma", estaria em
casa, mas ele não se manifestou. O protesto teve início às 10h e durou
uma hora.
Em Belo Horizonte, o alvo do esculacho foi João Bosco Nacif da Silva,
médico-legista da Polícia Civil da ditadura, que teria atestado uma
laudo médico de suicídio para um prisioneiro torturado em uma delegacia
da capital mineira em 1969. Cerca de 50 pessoas compareceram em frente
ao prédio do médico com cartazes denunciando sua participação na
repressão. De acordo com um dos manifestantes, Nacif da Silva se exaltou
e tentou agredi-los, o que motivou o encerramento precoce do ato. A
Polícia Militar apenas acompanhou a ação.
João Bosco Nacif da Silva |
O grupo também promoveu manifestação em frente à residência do general da reserva José Antônio Nogueira Belham,
denunciado como torturador do militante Rubens Paiva. Belham, que
atualmente mora na zona sul da capital fluminense, foi o chefe do
DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações
de Defesa Interna) do Rio durante a ditadura.
Segundo o Levante, os esculachos - ou escrachos - são ações similares às
promovidas na Argentina e no Chile, em que jovens fazem atos de
denúncias e revelações de torturadores da ditadura militar que não foram
presos ou julgados. No início de abril, um protesto semelhante foi
realizado em São Paulo contra Harry Shibata, médico que teria (?) atestado o suicídio do jornalista Vladimir Herzog, em 1975.
As manifestações desta segunda são as primeiras desde a nomeação da
comissão. Além de apoiar o grupo, os ativistas cobram a localização e
identificação dos restos mortais de desaparecidos políticos e exigem que
os torturadores sejam julgados e punidos.
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