segunda-feira, 14 de maio de 2012

Manifestantes esculacham criminosos da ditadura


Protestos ocorrem em várias cidades do País; ativistas manifestam apoio à Comissão da Verdade
Manifestantes fazem uma nova rodada de "esculachos" contra torturadores e agentes ligados à ditadura segunda-feira, 14, em várias cidades do País. Os protestos ocorrem poucos dias depois de a presidenta Dilma Rousseff nomear os membros da Comissão da Verdade, destinada a esclarecer casos de violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988.
No Guarujá, litoral de São Paulo, cerca de cem pessoas protestaram em frente ao prédio onde mora tenente-coronel reformado Maurício Lopes Lima, denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) como torturador. Membros do grupo Levante Popular da Juventude, que organiza os atos, afirmaram ter recebido informações de que o ex-militar, chamado de "torturador da presidente Dilma", estaria em casa, mas ele não se manifestou. O protesto teve início às 10h e durou uma hora.
Em Belo Horizonte, o alvo do esculacho foi João Bosco Nacif da Silva, médico-legista da Polícia Civil da ditadura, que teria atestado uma laudo médico de suicídio para um prisioneiro torturado em uma delegacia da capital mineira em 1969. Cerca de 50 pessoas compareceram em frente ao prédio do médico com cartazes denunciando sua participação na repressão. De acordo com um dos manifestantes, Nacif da Silva se exaltou e tentou agredi-los, o que motivou o encerramento precoce do ato. A Polícia Militar apenas acompanhou a ação.
João Bosco Nacif da Silva
O grupo também promoveu manifestação em frente à residência do general da reserva José Antônio Nogueira Belham, denunciado como torturador do militante Rubens Paiva. Belham, que atualmente mora na zona sul da capital fluminense, foi o chefe do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) do Rio durante a ditadura.
Segundo o Levante, os esculachos - ou escrachos - são ações similares às promovidas na Argentina e no Chile, em que jovens fazem atos de denúncias e revelações de torturadores da ditadura militar que não foram presos ou julgados. No início de abril, um protesto semelhante foi realizado em São Paulo contra Harry Shibata, médico que teria (?) atestado o suicídio do jornalista Vladimir Herzog, em 1975.
As manifestações desta segunda são as primeiras desde a nomeação da comissão. Além de apoiar o grupo, os ativistas cobram a localização e identificação dos restos mortais de desaparecidos políticos e exigem que os torturadores sejam julgados e punidos.

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