Todos nós do povo brasileiro queremos um Ministério Público
independente, que não se sujeite a pressões, e promova a justiça contra a
corrupção doa a quem doer.
Quando o povo cobra explicações sobre o engavetamento da Operação Vegas da Polícia Federal, em 2009, o povo está defendendo o Ministério Público, pois não quer voltar ao tempo em que o Procurador-Geral era chamado de engavetador.
Por isso o PGR Roberto Gurgel deve sim, explicações, pois o povo
brasileiro que acompanha o assunto está entendendo que a instituição foi
maculada ao se submeter a pressões ou corporativismo ou foi tendenciosa
quando engavetou em 2009 a Operação Vegas, deixando as investigações
paralisadas durante um ano, justamente no período eleitoral, enquanto
a organização criminosa continuou operando sem ser importunada.
O Procurador-Geral só tem duas escolhas razoáveis a fazer para preservar
a imagem pública do órgão que chefia: ou explica de forma convincente e
objetiva que não teve engavetamento, ou admite que errou.
Quando ele se recusa a explicar, e responde com esquivas culpando
terceiros que nada tem a ver com o engavetamento que ocorreu, ou dizendo
ter prerrogativas para investigar como bem entende, ele está levando a
Procuradoria-Geral da República a um processo de fritura perante o povo,
com forte desgaste da imagem da instituição.
Se não explica como foi que acertou, quando todo mundo está vendo um
erro, e não admite que errou, fica parecendo aquelas pessoas que dizem
só falar em juízo para não se incriminarem.
O que passa no imaginário popular é uma das seguintes hipóteses:
1) Sua mulher, a subprocuradora designada para apreciar a Operação
Vegas, teria errado na avaliação ou nos procedimentos adotados, e ele
estaria tentando protegê-la;
2) Ele mesmo teria errado, e estaria ocultando o erro, em vez de admitir;
3) Ele teria tratado Demóstenes Torres com corporativismo, ao
relativizar a gravidade de seu envolvimento, talvez pelo senador ser um
quadro vindo do Ministério Público de Goiás, ou sabe-se lá o por quê;
4) Ele estaria tratando com menos rigor um senador do DEM por algum tipo de afinidade ideológica;
5) Haveria conchavos políticos por trás do engavetamento;
6) E há quem imagine coisas piores, que nem é bom falar.
A Procuradoria-Geral da República deve à nação uma resposta contundente que afaste estes pensamentos do imaginário popular.
"Carteirada" moral
No entanto, no site do Ministério Público Federal o vemos é, em vez de
respostas, notas de manifestação de apoio de associações de procuradores
e outras entidades que, em vez de ajudar a preservar a imagem do órgão,
só piora as coisas perante o povo, pois demonstra corporativismo,
blindagem à apuração até mesmo de meras falhas humanas, falta de
transparência, e falta de compreensão de que além de serem servidores de
um órgão burocrático, são servidores do povo brasileiro, a quem devem
prestar contas.
O povo não está pedindo a cabeça de Gurgel (apesar de já haver quem
peça), está pedindo respostas e explicações que provem não termos de
volta um engavetador-geral da República e não termos um órgão sujeito a
pressões, nem tendencioso partidariamente.
Manifestos atestando bons antecedentes, testemunhos de amigos e colegas
de profissão, carteiradas morais, não fazem o tempo voltar a setembro de
2009 para dar outro rumo que foi dado ao relatório da Operação Vegas.
Se errou, contanto que não seja de propósito, errar é humano. Admitir e
corrigir o erro é gesto de grandeza. Não admitir e não dar satisfação
nenhuma é expor a instituição ao descrédito.
Para o cidadão comum, um procurador do Ministério Público deve
ser alguém que a gente vê, e diz que compra um carro usado dele. Por
isso espera-se da instituição que não oculte os defeitos conhecidos do
carro, quando existirem.
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