Deputado estadual pelo PT de Goiás, o deputado Luis César Bueno afirma
que a discussão em torno da organização criminosa Cachoeira-Demóstenes
não está dando a ênfase correta. “A preocupação maior é o envolvimento
do poder constituído com crime organizado e as consequências na ordem
pública, especialmente na segurança pública”. Está-se repetindo em
Goiás o que ocorreu no Espírito Santo nos anos 90. E pessoas estão
morrendo por conta desse desmonte.
Com o pacto firmado com o governador Marconi Perillo, a a dupla
Cachoeira-Demóstenes passou a comandar a Secretaria de Segurança
Pública, o Detran, a Polícia Militar, a Corregedoria da Policia Civil, a
Secretaria da Indústria e do Comércio, a Procuradoria Geral do Estado,
entre outros cargos de segundo e terceiro escalão.
O crime organizado passou a atuar em contratos de construção, serviços
de vigilância, locação de veículos. Mais grave: passou a atuar dentro
das esferas da Segurança Pública. Houve o desmanche do aparelho de
segurança fazendo explodir a criminalidade em todo estado de Goiás.
Recentemente o jornal O Popular divulgou algumas das estatísticas:
- até final de abril o número de homicídios havia sido de 208, contra 211 no Rio de Janeiro;
- o número de furtos de veículos saltou de 4.800 a 5.200 por ano para 10.800;
- dos 246 municípios, 206 estão sitiados poelo crack e pela droga.
Tudo isso a partir do momento em que Cachoeira passou a tomar conta da Segurança Pública.
Representante da PM na AL, tempos atrás o deputado Major Araújo, junto
com Associação de Oficiais reuniu a imprensa e disse que cada promoção
de coronel na PM tinha que pagar R$ 100 mil para Carlos Cachoeira. A
Operação Monte Carlo mostrou gravações indicando que o Secretário de
Segurança Pública e o Procurador Geral do Estado recebiam mensalidade
de R$ 15 mil. Sem contar o envolvimento amplo de delegados e policiais
com a organização criminosa.
Recentemente o governador Marconi Perillo trocou o comando da PM, colocando pessoas do quadro. Mas o estrago já estava feito.
Cachoeira comandava desde moedinha de 1 real do desempregado, megas
fortunas de navios flutuantes no Caribe até a relação com crime
organizado encastelado na estrutura do Estado.
Inicialmente, a Segurança Pública fechou os olhos para o jogo e os
cassinos. Com isso, abriu espaço para todo tipo de crime correlato.
Explodiu o mercado de drogas e de furtos de automóveis.
Vários deputado tiveram veículos roubados à mão armada. Explodiram
furtos de caminhonetes, carros de luxo, como Corolla. As seguradoras
aumentaram significativamente valor dos prêmios em função do alto índice
de furtos.
Coincidentemente, quem controlava o Detran era um indicado de
Cachoeira, citado na Monte Carlo. Para proteger as quadrilhas de roubo
de carro, o Detran de Goiás passou a operar fora do sistema Denatran
(Departamento Nacional de Trânsito).
“A impressão que se dava é que Marconi era o laranja e Cachoeira o governador”, diz o deputado.
Para conseguir estatísticas da Secretaria de Segurança Pública, o
jornal O Popular precisou abrir uma primeira página coalhada de cruzes –
simbolizando as mortes ocorridas no período.
A situação é similar à do Espírito Santo nos anos 90, diz ele.
A parte visível da quadrilha, até agora, são os vinhos de R$ 30 mil de
Demóstenes, a casa de Marcone Perillo, as extravagâncias de Cachoeira. A
face soturna é o aumento do número de mortes em todo o estado, o fato
de pequenas comunidades, de 5 mil, 6 mil habitantes, estarem tomadas
agora pelo crack.
Luis NassifNo Advivo
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