“Marcos Coimbra acredita que presidenta vai
tão longe quanto puder na tentativa de formar um novo modelo de administração
política do país
João Peres, Rede Brasil Atual
O diretor do Instituto Vox Populi, Marcos
Coimbra, acredita que os partidos de oposição deveriam deixar para trás os
"maus ensinamentos" do convívio político e apoiar a tentativa de
mudança na lógica que rege a relação entre Executivo e Legislativo. Para ele, o
modelo atual determina que os parlamentares votem contra o Palácio do Planalto,
mesmo que saibam que o projeto em questão é de interesse do país.
Coimbra entende que a recente aprovação do
Código Florestal na Câmara não se deu unicamente pela força da bancada de
representantes do agronegócio, mas pela soma de forças de oposição que
gostariam de aplicar uma derrota ao governo de Dilma Rousseff. Sobre a
presidenta, aliás, o analista político avalia que ela irá tão longe quanto
puder na mudança do paradigma da política nacional. “A Dilma, ao contrário dos
políticos tradicionais, não tem um projeto de ficar no poder. A Dilma tem um
projeto de administração e ela enxerga dificuldades para executar esse projeto
de administração de uma maneira bem diferente de um político mais tradicional”,
afirma.
Ele acredita que a Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso para apurar as relações entre políticos
e o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, pode começar a
definir quais partidos estarão na chapa do PT em 2014, de amplo favoritismo. O
diretor do Vox Populi avalia que as conexões entre parte da imprensa e a
quadrilha ligada à exploração de jogos ilegais também precisa entrar na pauta
do colegiado. “Dizer que quando alguém que questiona isso está questionando a
imprensa é usar o conceito de liberdade de imprensa para se proteger, para proteger
uma prática que é francamente condenável”, adverte.
Existe
uma tentativa de discutir e aprovar a questão do financiamento público de
campanha. Isso implicaria mudança na relação política?
Eu tenho, como observador e como analista,
um entendimento de que o financiamento público seria muito positivo para o país
e acredito que seria uma maneira em que se poderiam considerar a interferência
excessiva do poder econômico, como no processo eleitoral, sendo diminuído e até
eliminado. Evidente que se fizéssemos um sistema de financiamento público, a
força de interferência de lobbies empresariais, associativos e corporativos
seria muito menor.
O modelo que está em discussão na Câmara
poderia logo ser posto em
prática. Curioso que no Senado todos os partidos aprovaram a
ideia. Faltava definir um modelo mais específico, mas houve acordo entre as
principais lideranças políticas. Na Câmara, o relator apresentou uma proposta,
mas as coisas ficaram um pouco travadas. Não sei qual andamento ela terá, mas
de qualquer maneira já se decidiu que não havia por que correr para aprovar ainda
a tempo de aplicar para as eleições de 2012. Mas provavelmente nós
teremos tempo ao longo deste ano e do próximo, se houver a chamada vontade
política, para votar ainda a tempo de valer para 2014.”
Foto: Roberto Stuckert Filho. Presidência
Entrevista Completa, ::Aqui::
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