Rejeição de Serra e falta de ajuda financeira dos tucanos para despesas de campanha provoca afastamento de aliados
Uma nota publicada na edição do
jornal Folha de São Pualo nesta sexta feira (31), conta que os
candidatos a vereador começaram a se distanciar da campanha do tucano
José Serra à Prefeitura de São Paulo, principalmente na periferia da
cidade.
Há candidatos que não colocam
sequer o nome de Serra em seus materiais de campanha. Outros até põem,
mas não trabalham pelo tucano.
Ainda segundo o jornal, o
movimento teria dois fatores principais: a grande rejeição de Serra,
principalmente nas camadas mais populares, e a falta de repasses
financeiros por parte do comitê do tucano.
Três candidatos a vereador da
coligação de Serra -dois deles concorrem à reeleição- confirmaram à
Folha, sob anonimato, que já jogaram a toalha e decidiram fazer campanha
sozinhos, sem "dobradinha" com o tucano.
Antônio Carlos Rodrigues (PR),
um dos caciques políticos da zona sul, diz que continua na campanha e
tem feito eventos para o tucano. Mas admite dificuldade para "carregar"
Serra na área.
Em parte dos materiais de
campanha de Rodrigues não há o nome de Serra. Em outro panfleto ele cita
o tucano, mas reforça que é suplente da senadora Marta Suplicy (PT).
O problema é maior entre os
candidatos do PR, PSD e DEM. Mas há o caso do tucano Luciano Gama, que
confeccionou 200 cavaletes sem o nome do candidato de seu partido. Mesmo
em seu site há uma única referência, discreta, a Serra.
Serra líder em rejeição
Forte desejo por mudança faz rejeição a Serra crescer
85% querem que as ações do próximo prefeito sejam diferentes das de Kassab
Com 43% de rejeição, segundo o Datafolha, tucano é o único dos 12 candidatos de São Paulo que defende atual gestão
O Datafolha detectou uma
tendência em São Paulo que ajuda a explicar as dificuldades enfrentadas
pelo candidato do PSDB, José Serra. Segundo o levantamento, 85% dos
eleitores preferem que as ações do próximo prefeito sejam diferentes das
ações do atual, Gilberto Kassab (PSD).
Com intenções de voto em queda e
rejeição em alta, Serra é o único candidato que defende a gestão
Kassab. Ele tem 22% das intenções de voto (nove pontos abaixo do líder
Celso Russomanno, do PRB) e 43% de rejeição.
Serra e Kassab estão unidos
desde 2004, quando disputaram a prefeitura como titular e vice. Em 2006,
Kassab virou prefeito após a renúncia de Serra para concorrer a
governador. Em 2008, com apoio de Serra, Kassab foi reeleito. Agora,
apoia a volta do tucano à prefeitura.
O anseio por mudança, sempre
perto de 85%, ocorre em todas as regiões e faixas de renda, idade e
escolaridade. É majoritário até entre os que aprovam Kassab (24% dos
paulistanos). Nesse grupo, 59% querem ações diferentes do sucessor.
RECORDES
O crescimento mais recente da
rejeição de Serra (38% para 43% em nove dias) foi puxado por eleitores
da zona norte, tradicionalmente tida como conservadora. Em 20 de agosto,
32% dos eleitores dessa área não votariam em Serra de jeito nenhum. O
índice subiu para 45%.
Os recordes da rejeição ao
tucano estão entre eleitores de 16 a 34 anos (50%), renda de 2 e 5
salários mínimos (49%) e ensino médio (46%). Na região sul 2, subdivisão
da zona sul com 21% do eleitorado da capital, atinge 48%.
São Paulo nunca elegeu um
candidato com mais de 32% de rejeição. Na cúpula da campanha tucana,
avalia-se que o índice de Serra é grave, mas pode ser revertido. O
entendimento comum é que ele recupera sua imagem com até dez programas
de TV.
Há, porém, divergências sobre o
que fazer. Um grupo acha que Serra deve "partir para o olho no olho":
dizer na TV, explicitamente, porque renunciou em 2006 e porque defende
Kassab.
Outro grupo, este mais próximo
de Serra, insiste numa abordagem mais sutil. Prefere dar ênfase às
propostas para uma próxima gestão.
Ainda que não digam isso
abertamente, há tucanos que atribuem o alto índice de rejeição a um
cansaço do eleitorado com a imagem de Serra. Avaliam que o partido
falhou ao não notar a tempo que o clima geral da eleição seria por
mudança.
O Datafolha também investigou os
atributos de cada candidato. Em parte por ser o mais conhecido, Serra
lidera em critérios positivos e negativos. É tido como o mais
inteligente e realizador, por exemplo, e também como o mais autoritário e
o que mais faz promessas que não irá cumprir.
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