Ação chega nesta segunda-feira ao Conselho Nacional do Ministério Público
BRASÍLIA
- O Conselho Nacional do Ministério Púbico (CNMP) recebeu nesta
segunda-feira um pedido de afastamento do ex-senador Demóstenes Torres
da função de procurador de Justiça desempenhada no Ministério Público
(MP) de Goiás. Pela primeira vez desde o retorno, em 20 de julho, um
grupo de promotores de Justiça, procuradores da República e procuradores
do Trabalho se manifesta oficialmente contra a permanência de Torres no
cargo, enquanto durar a investigação aberta contra ele.
Integrantes
do MP goiano protocolam pela manhã uma representação coletiva contra
Demóstenes, com pedidos de investigação, suspensão do exercício
funcional e afastamento cautelar. A representação foi assinada por
promotores e procuradores que se dizem constrangidos com o retorno de
Demóstenes ao MP, depois da cassação por ter colocado o mandato a
serviço do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Uma
sindicância foi aberta pela Corregedoria-Geral do MP em Goiás em 13 de
julho, dois dias depois da cassação do ex-senador. Mas ele não é
investigado pelo CNMP.
Ex-senador vira argumento de defesa
O
corregedor-geral, Aylton Flávio Vecchi, e dois dos três procuradores de
Justiça designados para integrar a comissão responsável pela
sindicância já declararam apoio a Demóstenes, em ata elaborada um mês
depois da deflagração da Operação Monte Carlo.
Irmão
de Demóstenes, Benedito Torres é o procurador-geral de Justiça em Goiás
e está sendo investigado pelo CNMP em razão de citações em conversas
telefônicas utilizadas na Operação Monte Carlo, deflagrada em fevereiro
deste ano. Os autores da representação temem a sua influência no caso.
No
documento, os promotores apontam a influência do episódio da cassação
do ex-senador no andamento de ações civis públicas propostas pelo MP. É o
caso de uma ação liderada por promotores de Goiânia, da área de defesa
do patrimônio público. Os advogados de uma empresa que passou a ser ré
no processo utilizaram como argumento de defesa as relações de
proximidade entre Demóstenes e Cachoeira.
Os
advogados argumentam que a ação teve motivação política, citam a
Operação Monte Carlo e dizem que o objetivo do MP seria atender aos
interesses de Cachoeira. Conversas telefônicas levantadas na Monte Carlo
mostram ingerência do então senador no MP goiano em favor do bicheiro. O
irmão Benedito Torres é citado em parte desses diálogos interceptados
pela PF.
Os
autores argumentam ainda que o processo no CNMP se justifica em razão
do inquérito aberto pelo STF e remetido ao Tribunal Regional Federal da
1ª Região; das investigações em curso na CPI do Cachoeira; e da cassação
do mandato por falta de decoro.
Demóstenes
Torres já proferiu despachos em processos que tramitam no Tribunal de
Justiça do estado de Goiás. Opinou em ações cujos réus são um suposto
batedor de carteira e um acusado de revender drogas para um morador de
rua, entre outros. A reportagem não localizou ontem o procurador.
Procurada ontem à tarde, a assessoria do Ministério Público de Goiás não
conseguiu contato com o corregedor-geral para comentar a representação
que será apresentada pelos promotores.
O Globo
Do BLOG DA DILMA.
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