Do Blog do Miro - 30/08/2012 às 13:10
Por Altamiro Borges
Em
depoimento nesta semana na CPI do Cachoeira, Luiz Antônio Pagot,
ex-diretor do Dnit, afirmou com todas as letras que o mafioso bancou
reportagem na revista Veja para tirá-lo do cargo. “O contraventor
[Carlos Cachoeira] mais um representante da Delta [Claudio Abreu] se
uniram a um jornalista [Policarpo Júnior] para me derrubar”, desabafou.
No Reino Unido, denúncias similares levaram Rupert Murdoch, imperador da
mídia, ao banco de réus. No Brasil, o depoimento sequer virou notícia
nos jornalões e nas emissoras de tevê.
Pagot deixou o governo em julho de 2011 em decorrência de denúncias
contra o Ministério dos Transportes. Uma matéria da Veja foi o estopim
da crise e da exoneração. O ex-diretor do Dnit foi acusado de
superfaturar obras e receber propinas. “Foi um episódio amargo na minha
vida. Sentia-me um morto vivo, um fantasma. Quando começo a me
reestabelecer, tive a brutal notícia que um contraventor e um agente de
uma empresa seriam os responsáveis pela reportagem que gerou o
afastamento e posteriormente a exoneração”.
"Enfiei tudo no r... do Pagot", diz Cachoeira
Questionado pelo relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), sobre as
razões desta trama, Pagot afirmou que ela ocorreu devido a sua postura
diante da construtora Delta, braço da quadrilha de Cachoeira. “Era pela
atuação que vinha tendo ao Dnit, não dava vida boa a nenhuma empreiteira
e prestador de serviço. Era muito exigente. Penso que por isso eles
patrocinaram essa matéria jornalística para me tirar do Dnit”. Ele
garantiu que a sua queda foi fruto de um complô envolvendo a quadrilha
de Cachoeira, a Delta e a Veja!
Gravações da Polícia Federal reforçam esta tese. Numa delas, Carlinhos
Cachoeira confirma para o diretor da Delta, Claudio Abreu, que “plantou”
informações na Veja para favorecer a construtora. “Enfiei tudo no r...
do Pagot”, gaba-se o mafioso ao telefone. Apesar dos fortes indícios da
ligação da revista com o crime organizado, nada é feito para apurar os
fatos. O depoimento de Pagot sequer aparece no noticiário. Nenhuma
linha, nenhuma palavra, nada nos jornalões, revistonas e emissoras de
rádio e televisão.
O pacto mafioso da imprensa
De forma seletiva, a mídia pinça apenas o que interessa aos seus
propósitos políticos – como a afirmação de Pagot de que participou do
esquema de arrecadação de fundos para a campanha de Dilma Rousseff. Ele
também disse que a Dersa, então dirigida por Paulo Preto, um dos
“arrecadadores” de Serra, tentou desviar dinheiro do Dnit para a
campanha tucana. Mas isto não virou manchete. Assim como as denúncias
contra a revista Veja também sumiram. Desta forma, os barões da mídia
mantêm o seu pacto mafioso!
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