Altamiro Borges, Blog do Miro
“A pesquisa Datafolha divulgada ontem fez
ressurgir o fantasma da “cristianização”. Nas eleições presidenciais de 1950, a candidatura do
mineiro Cristiano Machado não decolou e ele foi rifado pelo seu próprio
partido, o PSD, que em plena campanha passou a apoiar “extraoficialmente”
Getúlio Vargas. Daí a origem do termo. Agora pode ocorrer o mesmo com José
Serra. A pesquisa acendeu o sinal de alerta. O tucano pode nem ir ao segundo
turno. Nos bastidores, alguns “aliados” já falam que ele será “cristianizado”.
Segundo o Datafolha, Serra perdeu cinco pontos na corrida para a prefeitura da capital paulista – de 27% para 22%. Já o “azarão” Celso Russomanno (PRB) enfrentou bem a primeira semana da propaganda na tevê e manteve os seus 31%. Para complicar ainda mais a vida do tucano, o petista Fernando Haddad subiu seis pontos – de 8% para 14%. No outro extremo, o da taxa de rejeição, Serra é o campeão absoluto, com 43% – há uma semana, 38% dos eleitores diziam que não votariam nele de jeito nenhum.
O
risco de "vexame" do tucano
Diante destes índices preocupantes, muitos
caciques da oposição demotucana já temem pelo “vexame” do eterno candidato do
PSDB. O que parecia impossível, a sua não ida ao segundo turno, agora parece bem
provável. Russomanno pode até cair alguns pontos – inclusive sendo alvo das
baixarias de Serra –, mas tudo indica que Haddad vai crescer nas intenções de
voto. Até Josias de Souza, o blogueiro da Folha, já prevê a possibilidade do
segundo turno com Russomanno e Haddad. Em artigo postado na semana passada, ele
advertiu:
“Serra passou a conviver com um desafio
novo. Precisa provar-se capaz de sobreviver ao primeiro round da disputa. A sua
prioridade agora é evitar o fiasco experimentado por Geraldo Alckmin na disputa
municipal de 2008. Naquele ano, Alckmin deslizou da liderança nas pesquisas
para a derrota no primeiro turno. Passaram à segunda fase Gilberto Kassab
(então no DEM) e Marta Suplicy (PT)”. Com a nova pesquisa, o risco do “fiasco”
passou a ser ainda maior, atormentando o comando da campanha de Serra.
Kassab
e Alckmin
É neste cenário que surgem as perguntas – e
as articulações de bastidores. O pragmático Gilberto Kassab, líder de um
partido “que não é de esquerda, nem de direita e nem de centro”, vai apostar
todas suas fichas no rejeitado Serra? O seu PSD inclusive já foi rotulado de
“cupim” por dirigentes do PSDB e é apontado como culpado pelo declínio do
tucano. E o governador Geraldo Alckmin, que já foi traído por Serra e não morre
de amores por ele, vai se empenhar na campanha? Há fortes indícios de que a
“cristianização” está em curso!”
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