Pela primeira vez, o nome do ex-governador de São Paulo e
candidato à Prefeitura, José Serra, aparece na boca do contraventor
Carlos Cachoeira, numa conversa com o já cassado Demóstenes Torres. "Ocê
vai tá com o Serra aí hoje?", pergunta o bicheiro. "Marca uma audiência
com ele", insiste. "Vou marcar com ele e venho aqui", atende o
ex-senador. Negócios da Delta com São Paulo são o próximo alvo da CPI
14 de maio de 2009. José Serra era governador de São Paulo. Executava,
no Estado, obras bilionárias, como a construção do trecho Sul Rodoanel e
as ampliações das marginais – algumas, com a participação da
construtora Delta, de Fernando Cavendish. Amanhã, o empreiteiro estará
na CPI, que investiga as atividades do bicheiro Carlos Cachoeira. Assim
como Cavendish, também irá depor o engenheiro Paulo Vieira de Souza,
conhecido como Paulo Preto, que era o homem forte da Dersa, empresa de
desenvolvimento rodoviário de São Paulo, e já disse que Serra era sua
"bússola" na estatal.
Um diálogo, obtido com exclusividade pelo Brasil 247, aponta agora, pela
primeira vez, o nome de José Serra nas conversas de Cachoeira. É num
telefonema dele ao ex-senador Demóstenes Torres. Cachoeira quer uma
audiência do governador para um personagem chamado Dino. E Demóstenes
promete marcá-la.
"Ocê vai tá com o Serra aí hoje?", pergunta Cachoeira. Com naturalidade,
Demóstenes diz que não. Afirma ter estado na Companhia Siderúrgica
Nacional, do empresário Benjamin Steinbruch. Cachoeira faz então uma
brincadeira dizendo que quem gosta muito de Steinbruch é o atual
ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
E, depois, insiste para que Demóstenes, que foi cassado por ser uma
espécie de despachante de luxo do bicheiro, marque uma audiência com
Serra. "Vou marcar com ele e venho aqui", atende o ex-senador.
Escute aqui o primeiro diálogo entre Demóstenes e Cachoeira.
Numa outra conversa, de 26 de abril de 2009, Cachoeira também liga a
Demóstenes para tratar de negócios em São Paulo. O ex-senador estava no
apartamento 1.105 do Hotel Meliá, no bairro do Itaim-Bibi de São Paulo. O
bicheiro, que representava interesses da Delta em São Paulo, pede para o
senador se encontrar com um espanhol chamado Carlos Sanchez. Trata-se
do chefe do Departamento de Engenharia do Metrô de Madri – o modelo
usado é o mesmo usado em São Paulo.
Escute aqui o segundo diálogo entre Cachoeira e Demóstenes.
Na terceira conversa, Cachoeira fala com o próprio Sanchez sobre o
encontro no Hotel Meliá. Onde? Na rua João Cachoeira, em São Paulo.
Escute aqui o diálogo entre Cachoeira e Sanchez
Neste diálogo, Cachoeira sugere a Sanchez que entre na página da
internet do Senado para reconhecer a face de Demóstenes Torres. O
espanhol, pelo tom de voz, já festeja um negócio que será "muy bueno".
Há ainda um último diálogo em que um homem não identificado conversa com
um certo Geovane, ligado ao grupo de Cachoeira, sobre um encontro com
Serra.
Brasil 247
entrou em contato, via telefone e e-mail, com o assessor de imprensa da
campanha de José Serra à Prefeitura para conhecer a opinião do
candidato sobre as revelações. Ele tem memória sobre a audiência que o
senador Demóstenes Torres iria pedir? Ocorreu? O que foi tratado? Sem
dúvida, a palavra de Serra sobre o assunto pode ser esclarecedora. Até
14h..., o retorno ainda não havia ocorrido.
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