O jornalismo independente fez, com méritos e sacrifícios, a sua parte.
Desde que, há duas semanas, O Cafezinho,
blog de Miguel do Rosário, levantou o caso da sonegação de impostos da
Rede Globo, estamos trabalhando sozinhos para descerrar o véu de
silêncio e cumplicidade que se formou em torno de um escândalo que, em
qualquer país do mundo, teria repercussão semelhante à que teve o caso
Murdoch na Inglaterra.
Qualquer país do mundo, menos o Brasil, onde todos se vergam ao poder imperial da Rede Globo.
Onde estão os senhores deputados, os senhores senadores, a Polícia
Federal, o Ministério Público do Dr. Roberto Gurgel, com todos os seus
poderes garantidos pela derrota da PEC 37, pela qual fizeram tanto
alarde?
Onde está a imprensa brasileira, os profissionais que enchem a boca
para falar que é o Estado e não o interesse patronal quem os quer
censurar?
Desapareceram, como o processo da Globo?
Aí está o caso, nu e cru: uma funcionária da Receita Federal condenada
por furtar um processo de sonegação de mais de R$ 600 milhões da mais
importante empresa de comunicação do país.
Agora estão explicados os sete anos no limbo do “em trânsito” com que o processo constava no protocolo da Receita.
Aí está a resposta do “onde está o Darf?” que a Globo se negava a mostrar.
Aí está a vergonha de um país onde o poder do Império é maior do que o
da República e torna legítimo que uma empresa concessionária de
serviços públicos corrompa com uns trocados uma servidora desonesta e,
assim, faça sumir R$ 600 milhões de dinheiro que deveria estar nos
cofres públicos, pagando a saúde, a educação, o transporte que este
câncer da comunicação alardeia defender e mostra mocinhas de rosto
sorridente a exibir o pedido, nos estádios de futebol.
Todos têm medo.
Quase todos.
Nós, os blogueiros ditos “sujos”, não.
E estamos entregando ao país os documentos que provam o que todos sabiam e só nós dissemos.
A esta altura, numa democracia, dezenas de jornais e emissoras de
televisão estaria postadas à porta da casa da corrupta condenada e à
porta da corruptora que a fez delinquir, com câmara e microfones ávidos
por desvendar o caso até o fim.
Aqui, não.
Porque o Brasil será sempre uma subdemocracia enquanto a coluna de
nossas instituições e de nossos homens públicos estiverem vergadas ao
poder do Império.
Enquanto frequentarem os seus camarotes em lugar de faze-los frequentar os tribunais, pelos crimes que cometem.
Derrubamos a Ditadura, é certo. Mas não o Império.
Ainda não somos uma República, portanto, onde todos somos iguais perante a lei.
Fernando BritoNo Tijolaço
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