terça-feira, 2 de julho de 2013

Dilma e Felipão

O técnico já conheceu a glória, o descrédito e a redenção. O segredo foi acreditar nas próprias convicções e Dilma pode fazer o mesmo
Leonardo Attuch, Brasil 247
Há exatos 11 anos, ao conquistar o penta no Japão, o técnico Luiz Felipe Scolari atingiu o auge da glória. Depois disso, administrou o próprio sucesso, fez carreira no exterior, mas desde sua volta ao Brasil, primeiro ao Palmeiras e depois à seleção brasileira, foi alvo de descrédito em várias ocasiões. Os resultados custavam a aparecer até que, neste domingo, "o campeão voltou", como cantou a torcida na Maracanã. O Brasil não só foi tetra na Copa das Confederações, como também encantou o público e deu um verdadeiro show de bola contra a Espanha.
Antes da conquista, Felipão vinha sendo questionado por jornalistas, comentaristas e até ex-jogadores. Era o teimoso que não convocava craques já experimentados, como Ronaldinho Gaúcho e Kaká. Poucos torcedores pareciam capazes de escalar a seleção brasileira, com alguns jogadores relativamente desconhecidos. Felipão, no entanto, manteve-se fiel às próprias convicções e venceu. Ganhando ou perdendo, deixou claro que tinha um rumo e, assim, fez nascer um time com cara de Brasil.
No Planalto, a presidente Dilma era, até recentemente, a governante com os melhores índices de popularidade do País. No seu primeiro ano, ela claramente conseguia se diferenciar do próprio antecessor, o até então recordista em popularidade Luiz Inácio Lula da Silva, imprimindo marcas próprias à gestão – a "faxina ministerial" era uma delas. Depois, conseguiu vitórias importantes, como a redução dos juros e dos preços da energia.
De repente, uma onda de grande intensidade comeu 27 pontos de sua popularidade e Dilma está numa posição parecida com a de Felipão antes da Copa das Confederações – os brasileiros torciam (alguns contra), mas não esperavam grande coisa. O que fazer numa hora dessas? Se restasse apenas um conselho, seria retirar a reeleição da frente e agir apenas em função das próprias convicções sobre o rumo certo a tomar. Talvez tenha sido a flexibilização dos princípios, em favor de interesses da base aliada, de latifundiários e de empreiteiros, em decisões recentes, que tenha contribuído para a queda. E se há um exemplo para a presidente Dilma, é o do técnico Felipão. Não por acaso ela o mencionou na sua entrevista de ontem, dizendo que seu governo é "padrão Felipão".

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