qua, 10/07/2013 - 14:59
- Atualizado em 10/07/2013 - 19:01
Jornal GGN
- Diante de notícias veiculadas por vários meios de comunicação em
função de acusações feitas contra a empresa Globo Comunicação e
Participações (Globopar) sobre suposta sonegação de impostos para a
aquisição dos direitos de transmissão dos direitos da Copa do Mundo de
2002, o Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro e a empresa
divulgaram respectivamente, nesta terça-feira (9), uma nota de
esclarecimento e um comunicado sobre os fatos. No comunicado, a empresa
nega estar em débito com o fisco e qualquer envolvimento com a agente da
Receita Federal que teria sumido com o procedimento administrativo
fiscal em que a holding consta como parte em função da suposta
sonegação. Na nota de esclarecimento, o Ministério Público Federal do
Rio de Janeiro (MPF-RJ) não desmente que os documentos veiculados sejam
autênticos; apenas se disse "consternado" pelo vazamento de dados
sigilosos.
Agente da Receita Federal condenada por dar sumiço a processo da Globopar
Em
nota, o MPF-RJ esclarece que, em 2005, tomou conhecimento dos fatos da
suposta sonegação de impostos pelas empresas da Rede Globo “em audiência
realizada em processo de cooperação às autoridades estrangeiras que
investigavam denúncias referentes a outras empresas e que não tinham
relação direta com a suposta sonegação”. De acordo com a nota, o MPF
fluminense solicitou a instauração de procedimento administrativo fiscal
à Receita Federal e “encaminhou documentos ao órgão para avaliação de
interesse fiscal”.
Extravio do Procedimento AdministrativoUm dos pontos abordados pela nota do MPF-RJ se refere ao extravio dos autos do procedimento fiscal. A procuradoria ressalta que tomou conhecimento do extravio ao requisitá-lo para acompanhamento junto à Receita Federal. Com isso, segundo informa a nota, foi aberta “investigação paralela para identificar os envolvidos, resultando em ação criminal - já com sentença condenatória - contra uma servidora da Receita Federal, bem como a identificação de inúmeras outras fraudes perpetradas por ela”.
Já a empresa, no comunicado, diz ter tomado conhecimento do extravio dos autos “alguns dias depois da sessão de julgamento, para sua grande surpresa”. Além disso, afirma ter fornecido voluntariamente cópias dos documentos originais para a restauração dos autos processuais e que, com essa atitude, teria possibilitado a completa restauração e o prosseguimento do procedimento administrativo.
O caso da agente da Receita Federal
Com relação à agente da Receita, a nota ainda ressalta que, embora o MPF-RJ tenha oferecido várias oportunidades para que a servidora cooperasse com as investigações e indicasse os eventuais coautores do delito, ela seu negou, optando pelo direito constitucional ao silêncio.
Em seu comunicado, a Globo esclarece apenas ter tomado
conhecimento do processo contra a funcionária da Receita pelo extravio
do processo na terça-feira (9). Além disso, alega não fazer parte do
processo a que a agente da Receita responde, ou mesmo ter qualquer
envolvimento com a funcionária.
Reconstiuição do ProcessoDe acordo com a nota da procuradoria, “a reconstituição do procedimento fiscal extraviado foi providenciada, com novo tombamento [nova numeração], e a tramitação seguiu seu curso regular”. A Globo, por sua vez, afirma ter tomado conhecimento do sumiço, "alguns dias depois da sessão de julgamento, para sua grande surpresa”. A empresa acrescenta que passou a fornecer cópias dos documentos originais para a restauração dos autos processuais voluntariamente, o que teria possibilitado a completa restauração e o prosseguimento do processo administrativo.
Acusações, dívidas e atuação do MPF
Após realizar um breve histórico de todos os procedimentos e a afirmação de que teria negociado o pagamento da dívida por meio de adesão ao Programa de Recuperação Fiscal (Refir), a empresa declara como falsas todas as acusações veiculadas. Além disso, diz acreditar que as autoridades competentes investigarão o vazamento de dados sigilosos, e que tomará as medidas judiciais cabíveis contra qualquer acusação falsa que lhe seja dirigida.
Já o MPF-RJ não nega a veracidade das informações veiculadas. A nota
apenas afirma que o órgão “depara-se consternado com a profusão de
documentos que, ao que tudo indica, se originam dos autos do
procedimento fiscal criminosamente extraviado”. Segundo o documento, a
preocupação se deve, principalmente, em função do "caráter sigiloso da
matéria [processo]” e ao zelo “pela aplicação das normas em vigor no
Estado Democrático de Direito”.Após realizar um breve histórico de todos os procedimentos e a afirmação de que teria negociado o pagamento da dívida por meio de adesão ao Programa de Recuperação Fiscal (Refir), a empresa declara como falsas todas as acusações veiculadas. Além disso, diz acreditar que as autoridades competentes investigarão o vazamento de dados sigilosos, e que tomará as medidas judiciais cabíveis contra qualquer acusação falsa que lhe seja dirigida.
Segundo a nota, conforme legislação em vigor, não cabe ao
Ministério Público “requisitar a instauração de inquérito policial antes
da constituição definitiva do crédito tributário ou na hipótese de
parcelamento ou quitação integral da dívida”. Além disso, o MPF
esclarece, quanto aos demais tipos criminais aventados pelos veículos de
comunicação, que sua atuação não ocorreu "por ausência de indícios",
que impossibilitariam o enquadramento criminal.
Histórico processual segundo comunicado da GloboDe acordo com o comunicado, a Globopar (holding das Organizações Globo) reconhece que, em 16 de outubro de 2006, foi autuada pela Receita Federal por irregularidades na retenção de impostos ao adquirir os direitos de transmissão da Copa de 2002. Além disso, a empresa informa que, em 29 de novembro de 2006, apresentou sua defesa às autoridades competentes, “com base em sua convicção de que não cometeu qualquer irregularidade”. A companhia argumenta, ainda, ter “apenas escolhido uma forma menos onerosa”, e diz que essa opção é amparada pela legislação brasileira para qualquer contribuinte. Porém, as alegações de sua defesa foram rejeitadas.
Um dos parágrafos do comunicado ressalta também que, após a
recontituição dos autos do procedimento fiscal, “em 11/10/07, a empresa
foi intimada da decisão desfavorável, apresentando recurso em 09/11/07.
No dia 30/11/09, a Globo tomou a decisão de aderir ao Refis (Programa
de Recuperação Fiscal) e realizar o pagamento do tributo nas condições
oferecidas a todos os contribuintes pelo Fisco. O pagamento foi
realizado no dia 26/11/09, tendo a empresa peticionado às autoridades,
informando sua desistência do recurso apresentado (o que ocorreu em
4/02/10)”.
Leia a íntegra da nota do Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro aqui
Leia a íntegra do comunicado da Globo aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário