terça-feira, 2 de julho de 2013

Paralisação de caminhoneiros é comandada por empresários


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A Unicam (União Nacional dos Caminhoneiros), uma das entidades representativa dos caminhoneiros no país, divulgou nota criticando a paralisação convocada para hoje com o objetivo de fechar algumas rodovias do país.
A paralisação é promovida pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro, liderado pelo empresário Nélio Botelho, que já comandou outras paralisações de rodovias no país. O movimento pede o fim da Lei do Descanso dos caminhoneiros.
Segundo a nota, assinada pelo presidente da Unicam, José Araújo China da Silva, a paralisação prejudica a maior parte dos caminhoneiros.
Na nota, a entidade defende a manifestações populares que se espalharam pelo país, mas acusa a convocada pelo Mubc de ser "um movimento grevista mobilizado por empresários travestidos de transportadores autônomos, que usam esses profissionais para atingir interesses próprios, se aproveitando de uma oportunidade política no Brasil, com as manifestações populares vistas nas ruas nas últimas semanas".
A Unicam defende mudanças pontuais na Lei do Descanso e não a sua revogação.
Leia, abaixo, a íntegra da nota.
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A União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam) informa que não apoia o movimento grevista anunciado pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro, com data prevista para a próxima segunda-feira (1/07).

"A chamada paralisação geral dos transportadores de cargas poderá prejudicar o trabalho que vem sendo realizado por aqueles que desejam realmente melhores condições e dignidade em sua atividade", afirma o presidente da Unicam, José Araújo "China" da Silva.

Nossa entidade luta pela melhoria das condições de vida e de trabalho dos caminhoneiros do Brasil e tem participado de todas as negociações e debates sobre a Lei 12.619/12, pagamento eletrônico de fretes, RNTRC, entre outros tantos assuntos de interesse do setor, sempre em busca de vitórias para a categoria que representa.

No que pese à Lei 12.619/12, a Unicam entende que a regulamentação da profissão de motorista foi um grande avanço para o transporte rodoviário de cargas e para a sociedade como um todo, já que a atividade era totalmente desregulamentada, mas entende que a mesma carece de ajustes que beneficiarão o setor como um todo.

A Unicam defende as manifestações populares espalhadas pelo Brasil e o direito legal de greve, mas não acreditamos em um movimento grevista mobilizado por empresários travestidos de transportadores autônomos, que usam esses profissionais para atingir interesses próprios, se aproveitando de uma oportunidade política no Brasil, com as manifestações populares vistas nas ruas nas últimas semanas.

Portanto, a Unicam entende que, neste momento específico, a categoria deve defender o aperfeiçoamento da legislação da categoria, e não sua revogação, como defende o grupo que está incitando a greve, e a melhor forma de mudanças necessárias nas legislações do setor é por meio do debate e da busca por soluções conjuntas, e não através de um movimento grevista liderado por uma categoria empresarial travestida de transportadores autônomos.

José Araújo "China" da Silva - Presidente 

Entenda os motivos dos protestos nas estradas do país nesta segunda

Em ao menos 7 estados, caminhoneiros pararam rodovias federais e estaduais do país nesta segunda-feira (1) reclamando das restrições de circulação nas cidades, do valor do pedágio e defendendo a redução do preço dos combustíveis.
As manifestações foram registradas em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Mato Grosso, Paraná e Bahia.
A paralisação foi convocada pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro, que defende uma greve da categoria por 72 horas a partir das 6h desta segunda-feira.
O movimento pede subsídio no preço do óleo diesel (para baratear preços dos alimentos e produtos), isenção para caminhões do pagamento de pedágios em todas as rodovias do país, criação da Secretaria do Transporte Rodoviário de Cargas, vinculada diretamente à Presidência da República, e a votação de um projeto de lei nacional que altera a Lei do Motorista e define soluções para concorrência desleal exercida por transportadores ilegais, dentre outros problemas da categoria.
Segundo o presidente da Associação Nacional dos Caminhoneiros (Antrac), Benedito Pantalhão, a categoria foi “orientada a parar no intuito das reivindicações ganharem força”. “Desde que sejam manifestações ordeiras, estamos apoiando e incentivando o pessoal a aderir ao movimento. Ainda estamos formalizando uma pauta de reivindicações que seja possível apresentar”, explica.
“A redução do valor pedágio é um dos nossos objetivos, mas sabemos que não será totalmente possível, pois é formalizado em contrato e alguém vai ter que pagar a conta. Ainda está em avaliação sobre a negociação. Também lutamos contra o desvio de dinheiro de órgãos públicos ligados às obras nas estradas e pela redução da tributação sobre o diesel, para que o preço do combustível possa cair”, diz Pantalhão.
Veja as estradas que foram bloqueadas nos estados:
Minas Gerais
- BR-381: Cinco pontos de manifestação. Em Igarapé, na região metropolitana de Belo Horizonte, o trânsito foi bloqueado na madrugada. Por volta das 12h, eram mais de 20 km de caminhões parados, segundo a Polícia Rodoviária Federal. A ideia dos caminhoneiros é paralisar as estradas do Brasil até que haja uma negociação da pauta com o governo federal
- LMG-808, MG-20 e MG-424: ativistas colocaram fogo em pneus pedindo a construção de passarelas e rotatórias
- BR-262: Em Manhuaçu, na Zona da Mata, cafeicultores fecharam o tráfego reivindicando melhores preços do café, conforme a Polícia Rodoviária Federal
- BR-040: Caminhoneiros decidiram protestar em Nova Lima, no sentido Rio de Janeiro
São Paulo
- Castello Branco: caminhoneiros interromperam o tráfego desde as 5h, na altura de Itapevi, e escreveram suas reivindicações no chão da estrada. De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), apesar do bloqueio, motoristas podiam circular pelo acostamento
- Via Anchieta: protesto de caminhoneiros. O tráfego foi parcialmente interrompido na altura do km 23, da pista sentido litoral.
- Guarujá: protesto de caminhoneiros em um acesso que liga ao porto de Santos, na Rua do Adubo. Eles reclamam de buracos na via e também pedem a redução da tarifa dos pedágios no Sistema Anchieta-Imigrantes
- Rodoanel: trecho sul foi fechado pela manhã por moradores de Itapecerica da Serra, que reivindicam melhorias para a região
- SP-127: a Rodovia Francisco da Silva Pontes foi bloqueda na região de Itapetininga
- Rodovia João Mellão: caminhoneiros protestaram em Avaré parados às margens da rodovia contra a nova cobrança dos eixos suspensos e pedindo mais seguranças nas estradas
- Rodovia Cônego Domênico Rangoni: caminhoneiros bloquearam o pedágio pedindo que o governo estadual volte atrás na medida que passa a cobrar o pedágio de todos os eixos existentes nos caminhões e não somente os que são utilizados
Espírito Santo
- BR-262: protesto de caminhoneiros em Viana contra o valor elevado do óleo diesel que compromete o frete
- BR-101: Em Iconha, no Sul do estado, manifestação de caminhoneiros interditou as pistas centrais no km 373, segundo a PRF, contra o valor do pedágio e do combustível
- BR-101: protesto de caminhoneiros em Rio Novo do Sul, pelos mesmos motivos
Bahia
- BR-116: protesto em Cândido Sales, no sudoeste do estado, com os dois lados da via fechados às 12h40
- BR-242: trecho entre Barreiras e Luis Eduardo Magalhães, bloqueado por caminhoneiros
- BR-020: bloqueada na região oeste do estado, também pela redução do preço do diesel
Rio de Janeiro
- BR-040: 500 caminhoneiros pararam a rodovia em Petrópolis, Região Serrana. Eles pedem a redução do pedágio em 50% (o valor é de R$ 8 para cada eixo), mudança na restrição dos caminhões com três eixos ou mais que não podem trafegar pela subida da Serra de Petrópolis em determinados horários de sextas, sábados e vésperas de feriados, alteração na lei da balança e redução do preço do combustível.
Mato Grosso
- BR-364: saída de Cuiabá para Rondonópolis foi paralisada. Caminhoneiros pedem melhores condições nas estradas do estado, destinação exclusiva de recursos à infraestrutura, redução no preço do óleo diesel e valorização da categoria.
- BR-163: manifestantes protestam nas proximidades de Sorriso
Paraná
-PR-182: em Realeza, próximo ao trevo de acesso a Planalto e Francisco Beltrão, no sudoeste, os dois sentidos da rodovia estão interditados desde as 11h, pelos caminhoneiros
- BR-376: Em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, caminhoneiros interditaram a via pela manhã.

Golpe no Chile começou com uma greve de caminhoneiros e terminou assim:

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9qrA6WAci8Pf23Nsv5fW_zQNyJo-DNSRDo8pBCY6Hb56tudzSvjWinxkRT0y5QX6EhhTQ_7RZFZ4I_zr97IIEsTtcGxDE1YHVmoePUkBGBls6dRS1OyAMtHe4iz8zBKGv0Y2bxHu6kpU/s1600/ALLENDE.jpg

3 comentários:

Unknown disse...

GREVE NÃO É ORQUESTRADA

Afirmo isto, pois sou filha de Caminhoneiro e posso garantir que a Greve dos Caminhoneiros não é "orquestrada" como algumas mídias e Governo Federal estão tentando manipular, desde a infeliz reunião ocorrida em 02/07/13 com a Ministra Chefe da Casa Civil. Outra coisa, quem afirma que ela foi realizada para garantir o direito dos caminhoneiros dirigirem mais de 11 horas seguidas, porque os caminhoneiros não concordam com a “Lei do Descanso” também não sabem o que estão falando.
O que a categoria vem reivindicar é justo e qualquer um no lugar deles também pediriam. O que eles querem são condições mínimas de trabalhar com dignidade, já que são os mesmos que transportam as riquezas do país. Principalmente porque a UNICAM (que está apenas preocupada em receber a contribuição sindical descontada em fonte dos caminhoneiros é uma entidade que está "vendida" para o Governo Federal, pois não quer perder a "fonte de renda") há muito tempo não faz nada para verdadeiramente lutar pelos direitos dos caminhoneiros.

Assim, gostaria de pedir ao povo que se informe antes de afirmar algo que desconhecem. Para questionar as razões da Greve dos Caminhoneiros e preciso ir para a estrada e conhecer a realidade em que esta categoria se insere. Sair de suas salas com ar condicionado e enfrentar mais 10.000 km de estradas esburacadas e sem locais dignos de descanso!!! E não somente acreditar no que a Rede Globo e as grandes mídias veiculam e sair fazendo críticas descabíveis. Dizendo que a classe quer garantir o direito de usar "rebite", como se não houvesse de um lado empresários e patrões exigindo que as cargas sejam entregues num prazo que não contempla o descanso, e, de outro um Governo Federal que não quer negociar e finge não ver os problemas estruturais do Brasil para se aplicar a atual Lei do Motorista sem que sejam feitos ajustes.

Acreditar somente no que a Rede Globo veicula, é acreditar numa mídia "comprada" que vai contra o Brasil e seus verdadeiros interesses. Já foi assim em 1964 (quando esta mídia apoiou indiretamente o Golpe Militar) e está ocorrendo novamente. Assim, a Greve dos Caminhoneiros não foi uma manipulação da bancada ruralista ou de qualquer outra bancada ou jogo de empresários, como o Governo Federal e as mídias estão afirmando.

A Greve dos Caminhoneiros foi uma manifestação LEGÍTIMA, de uma categoria que tem todo o direito de lutar pelos seus direitos de cidadãos. O que os caminhoneiros pedem é o mínimo de dignidade para exercer seus trabalhos como as demais categorias!!!! Você não lutaria para não continuar sendo explorado???

Unknown disse...

PAUTA DE REIVIDICAÇÕES DOS CAMINHONEIROS
Os caminhoneiros lutam por:
1) Subsídio no preço do óleo diesel (para além de baratear preços dos alimentos e produtos possam garantir melhores ganhos, visto que os fretes mal cobrem os custos);
2) Isenção para caminhões do pagamento de pedágios em todas as rodovias do país, pelos mesmos motivos que buscam o subsídio no Diesel. Para se ter uma vaga ideia, hoje 75% do valor do frete fica em custos para o transportador, principalmente o autônomo (custo com pneus, manutenção do caminhão, alimentação, combustível, pedágio, descarga, entre outros impostos que são descontados na fonte...);
3) Criação da Secretaria do Transporte Rodoviário de Cargas, vinculada diretamente à Presidência da República, nos mesmos moldes das atuais Secretarias dos Trabalhadores e das Micro e Pequenas Empresas;
4) Votação e sanção imediata do Projeto de Lei que aprimora a Lei 12619/12 (Lei do Motorista) uma lei que vá além de determinar a quantidade de horas que eles devem descansar, mas, que também garanta a construção de pontos de parada dignos, para que eles, no mínimo, possam descansar e se alimentar com decência e dignidade. Quem conhece as estradas que levam ao nosso nordeste sabe que não há pontos de parada dignos há menos de 800 km de distância. Como podem exigir que PAREM para descansar, se não determinam onde e como???? Sem falar na frota de caminhões que existe no Brasil e nas péssimas condições de nossas estradas;
5) Soluções para as questões: Cartão Frete, CIOT, e principalmente a concorrência desleal exercida por transportadores ilegais (causa dos valores defasados dos fretes), entre outros...

Unknown disse...

O Governo Federal está desvirtuando os reais motivos que levaram os Caminhoneiros a fazerem Greve!!!

A Presidente Dilma, com apoio da mídia, está usando a paralisação da classe como "bode expiatório" para indiretamente ameaçar os outros movimentos públicos que estão ocorrendo no país, aplicando uma multa injusta de mais de 6 milhões de reais em cima da classe.

Há muito tempo os caminhoneiros estão esperando ser ouvidos. Desde a última paralisação ocorrida em março de 2012, aguardam uma convocação do Governo Federal para uma resolverem os problemas que são reivindicados pela categoria. Mas esta convocação ocorreu somente agora, durante esta segunda paralisação. Após o início da paralização, a Ministra Chefe da Casa Civil da Presidência da República, senhora Gleisi Hoffmann convocou os representantes do Movimento dos Caminhoneiros (MBUC) para uma reunião no dia 02/07/13.

Durante a reunião, que ocorreu na Casa Civil da Presidência da República, a Ministra Chefe da Casa, senhora Gleisi Hoffmann, acompanhada do Sr. Ministro dos Transportes César Borges, após receber novamente a pauta de reivindicação, que já tinha recebido em 2012, deixou evidenciada aos representantes do movimento dos caminhoneiros a total impossibilidade do governo de flexibilizar quanto as questões apresentadas. Caracterizando inclusive a inexistência, até mesmo de ambiente político, para prosseguir com quaisquer negociações. Deixando claro que o movimento sofreria sérias represálias, caso não encerrasse com a manifestação.

Ao ser informada pelos representantes do movimento dos caminhoneiros sobre a impossibilidade de encerrar a paralisação – até porque, a classe não voltaria voluntariamente às suas atividades sem receber resultados concretos da reunião – a Ministra Chefe da Casa Civil afirmou que o movimento arcaria com sérias consequências.

Após isso, começaram a veiculação nas mais diversas mídias, de notícias na tentativa de caracterizar o movimento “Lock Out”, inclusive, abrindo inquérito na Polícia Federal e aplicação de multa no valor de seis milhões e trezentos mil reais ao MUBC. Um movimento autêntico e legítimo, conforme pode ser comprovado no site: www.uniaobrasilcaminhoneiro.org.br no link notícias.