Veja também se atira na cova que ela própria cavou
Assim
como seus colunistas, a revista se juntou ao cortejo fúnebre de parte
da imprensa brasileira, após a decisão do ministro Celso de Mello, que
garantiu a alguns réus a primeira oportunidade de apelação na Ação Penal
470; na visão da Abril, que está de luto, a Justiça morreu e se curvou
aos poderosos; internamente, Eurípedes Alcântara, editor da revista, dá
um chilique contra a decisão do decano e afirma que ele "poderia ter
poupado a inteligência das pessoas" ao dizer que juiz não cede a
chantagens da mídia; na verdade, quem não teve a mínima inteligência foi
Veja, ao fazer uma capa, na semana passada, que emparedava o decano e
ameaçava até crucificá-lo se ele não obedecesse a revista.
247 - Ricardo
Setti, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Rodrigo Constantino... um a um,
os colunistas de Veja.com foram se juntando, na última quarta-feira, ao
enterro simbólico promovido na Marginal Pinheiros, sede da Editora
Abril, após a decisão do ministro Celso de Mello, que garantiu a alguns
réus da Ação Penal 470 a primeira oportunidade de apelação. Na práticas,
tais colunistas se atiraram nas covas que eles próprios cavaram (leia
mais aqui editorial do 247 a respeito).
Neste
fim de semana, quem se juntou ao cortejo foi a própria Veja. A revista
circula de luto, com a imagem da Justiça curvada e a data de seu
obituário. Segundo Veja, o 18 de setembro de 2013 é a data da morte da
Justiça no Brasil.
Internamente,
o editorial "A Justiça falhou", do diretor Eurípedes Alcântara, pode
ser definido como um chilique de uma criança mimada. O decano, afinal,
mostrou independência e não sucumbiu à chantagem promovida por Veja uma
semana antes, quando a revista ameaçava crucificá-lo (leia aqui),
caso ele não votasse em linha com os interesses políticos da revista –
que, repita-se, são políticos e nada têm a ver com o conceito de
Justiça.
Nesta
semana, Eurípedes passa recibo. "O ministro Celso de Mello poderia ter
poupado a inteligência das pessoas ao insistir que o Supremo Tribunal
Federal (STF) não pode ceder ao 'clamor popular' ou à 'pressão das
multidões'. Claro que não pode. Tanto não pode que isso não precisa ser
declarado". Na verdade, o diretor de Veja ficou incomodado com a aula
magna do decano, proferida na STF, que teve como um dos capítulos
principais a mensagem dirigida à mídia que tenta pautar e dirigir as
decisões de uma suprema corte.
O
18 de setembro de 2013, na verdade, jamais será lembrado como a morte
da Justiça no País. Não há um advogado, procurador, juiz ou estudante de
direito que pensem de tal maneira.
A
data poderá ser lembrada, talvez, como o obituário da própria Veja,
que, tal qual seus colunistas, também se jogou na cova que ela própria
cavou.
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