Paulo Moreira Leite No Facebook
Todos os detalhes da prisão de Claudia Trevisan em Yale, onde ficou
detida durante cinco horas, descrevem uma situação arbitrária, que pede
uma reação imediata do governo brasileiro. Cabe ao Itamaraty pedir
explicações, já que os direitos de uma cidadã brasileira foram
atingidos.
Vamos lá: uma jornalista do Estado de S. Paulo, um
dos maiores jornais do país, solicita uma entrevista a Joaquim Barbosa,
presidente do STF, presente a um seminário na universidade. Barbosa
recusa o pedido e Claudia decide comparecer ao local, do mesmo jeito.
Normalíssimo. No Brasil, na China, na Bolívia, nos Estados Unidos,
jornalistas agem assim mesmo.
Quando uma autoridade recusa um
pedido formal de entrevista, o que sempre tem o direito de fazer,
tenta-se uma aproximação direta para se obter um depoimento, o que os
jornalistas também podem fazer. É a situação mais comum do mundo. Se
não quisesse mesmo falar, Barbosa
poderia recusar de novo. Se não quisesse nem responder diretamente,
poderia valer-se de um assessor para impedir até uma aproximação ou, em
caso extremo, pedir à segurança da universidade que mantivesse Claudia
Trevisan a distância. Tudo isso faz parte do jogo universal entre
repórteres que querem um depoimento e autoridades que não querem falar.
Você já deve ter visto isso várias vezes nos filmes.
O que não
se pode aceitar é a entrada da polícia em ação. Ela não se limitou a
impedir que Claudia fizesse a entrevista. Prendeu, algemou, manteve
incomunicável por horas. Agiu como se estivesse querendo impedir um
crime -- e não uma entrevista.
Direitos fundamentais foram
atingidos. É brutal e inaceitável. Cabe às autoridades norte-americanas
esclarecer o que se fez e por que.
Neste terreno, o Brasil deu
um exemplo de civilidade que deveria ser seguido. No início de seu
governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou indignado diante
de uma reportagem do New York Times, fazendo insinuações de que decisões
de seu governo estariam sendo prejudicadas por seu costume de ingerir
bebidas alcoólicas. A reportagem era muito ruim: não tinha fatos
concretos para apontar nem testemunhas que dessem sustentação ao que
disse. Indignado, Lula chegou a tomar uma decisão dramática -- expulsar
o correspondente – mas voltou atrás. Em nenhum momento, contudo, o
jornalista, Larry Rother, foi preso, algemado nem mantido incomunicável.
E, como se pode imaginar, a reação de muitos brasileiros diante a
arbitrariedade que não houve foi muito maior e explosiva do que agora,
quando uma correspondente internacional é detida sem explicações nos
EUA.
O nome disso é complexo de vira lata?
____________
Comentário
-
Silvio Sabá Creio
que esse caso seja para a Interpol. Reuniões secretas, tipo Ku Kuns
Clan, devem ser abolidas do mundo democrático!
A pergunta que fica é: O
que estava fazendo o CHEFE DA SUPREMA CORTE BRASILEIRA em Yale, o berço
da extrema direita americana, numa "palestra" fechado ao público e à
Imprensa? Se nossa Imprensa Investigativa é tão boa quanto dizem que são
irão descobrir! Resta saber se irão divulgar!
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Todos os detalhes da prisão de Claudia Trevisan em Yale, onde ficou
detida durante cinco horas, descrevem uma situação arbitrária, que pede
uma reação imediata do governo brasileiro. Cabe ao Itamaraty pedir
explicações, já que os direitos de uma cidadã brasileira foram
atingidos.
Vamos lá: uma jornalista do Estado de S. Paulo, um dos maiores jornais do país, solicita uma entrevista a Joaquim Barbosa, presidente do STF, presente a um seminário na universidade. Barbosa recusa o pedido e Claudia decide comparecer ao local, do mesmo jeito. Normalíssimo. No Brasil, na China, na Bolívia, nos Estados Unidos, jornalistas agem assim mesmo.
Quando uma autoridade recusa um pedido formal de entrevista, o que sempre tem o direito de fazer, tenta-se uma aproximação direta para se obter um depoimento, o que os jornalistas também podem fazer. É a situação mais comum do mundo. Se não quisesse mesmo falar, Barbosa poderia recusar de novo. Se não quisesse nem responder diretamente, poderia valer-se de um assessor para impedir até uma aproximação ou, em caso extremo, pedir à segurança da universidade que mantivesse Claudia Trevisan a distância. Tudo isso faz parte do jogo universal entre repórteres que querem um depoimento e autoridades que não querem falar. Você já deve ter visto isso várias vezes nos filmes.
O que não se pode aceitar é a entrada da polícia em ação. Ela não se limitou a impedir que Claudia fizesse a entrevista. Prendeu, algemou, manteve incomunicável por horas. Agiu como se estivesse querendo impedir um crime -- e não uma entrevista.
Direitos fundamentais foram atingidos. É brutal e inaceitável. Cabe às autoridades norte-americanas esclarecer o que se fez e por que.
Neste terreno, o Brasil deu um exemplo de civilidade que deveria ser seguido. No início de seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou indignado diante de uma reportagem do New York Times, fazendo insinuações de que decisões de seu governo estariam sendo prejudicadas por seu costume de ingerir bebidas alcoólicas. A reportagem era muito ruim: não tinha fatos concretos para apontar nem testemunhas que dessem sustentação ao que disse. Indignado, Lula chegou a tomar uma decisão dramática -- expulsar o correspondente – mas voltou atrás. Em nenhum momento, contudo, o jornalista, Larry Rother, foi preso, algemado nem mantido incomunicável. E, como se pode imaginar, a reação de muitos brasileiros diante a arbitrariedade que não houve foi muito maior e explosiva do que agora, quando uma correspondente internacional é detida sem explicações nos EUA.
O nome disso é complexo de vira lata?
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Comentário
- Silvio Sabá Creio que esse caso seja para a Interpol. Reuniões secretas, tipo Ku Kuns Clan, devem ser abolidas do mundo democrático!A pergunta que fica é: O que estava fazendo o CHEFE DA SUPREMA CORTE BRASILEIRA em Yale, o berço da extrema direita americana, numa "palestra" fechado ao público e à Imprensa? Se nossa Imprensa Investigativa é tão boa quanto dizem que são irão descobrir! Resta saber se irão divulgar!.
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