A presidente Dilma Rousseff manifestou seu repúdio ao massacre cometido nesta quinta-feira (7) por um homem em uma escola pública do Rio de Janeiro, deixando pelo menos 11 alunos mortos e outros 18 feridos, segundo o último balanço oficial, que confirma também a morte do agressor.
"Não era característica do país ocorrer esse tipo de crime, por isso eu considero que todos aqui, todos nós, homens e mulheres, aqui presentes, estamos unidos no repúdio àquele ato de violência, no repúdio a esse tipo de violência sobretudo com crianças indefesas", declarou Dilma, com a voz embargada, em um encontro com jovens empreendedores em Brasília.
A Polícia havia informado anteriormente que o ataque na Escola Municipal Tasso da Silveira, situada no bairro de Realengo, Zona Oeste do Rio, tinha deixado 13 mortos e 22 feridos, mas depois a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro corrigiu os dados.
A presidente, visivelmente emocionada, pediu ao público presente um minuto de silêncio para as vítimas. Segundo ela, o minuto de silêncio é "uma homenagem a esses brasileirinhos", "crianças inocentes que perderam a vida".
Antes, o porta-voz da Presidência da República, Rodrigo Baena, tinha informado que Dilma acompanhava as notícias sobre o massacre. "A presidente Dilma Rousseff acompanha com grave preocupação o episódio. Ela está chocada e consternada", manifestou Baena. O governo federal decretou luto oficial de três dias .
O agressor, identificado como Wellington Menezes Oliveira, de 23 anos, era ex-estudante da escola e, segundo as autoridades, invadiu a instituição se passando por um palestrante.
Dilma conversou com o governador do Rio, Sérgio Cabral, e com o prefeito Eduardo Paes por telefone e determinou ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que tome providências em conjunto com as autoridades de segurança do estado.
A ministra Maria do Rosário, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, vai para a escola, seguindo orientação de Dilma. Segundo o secretário estadual de Assistência Social, Rodrigo Neves, depois de passar pelo local da tragédia, a ministra visitará parentes das vítimas.
O governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes foram à escola e deixaram o local no fim da manhã sob tumulto, com moradores cercando os carros oficiais pedindo segurança e culpando as autoridades pela morte das crianças.
Distúrbio mental é pano de fundo, diz psicóloga
Culpar autoridades pelo ocorrido ou achar que é preciso endurecer a legislação criminal são reações próprias de quem busca resposta no calor dos acontecimentos. Mantendo alguma distância do impacto emocional que uma tragédia dessa causa em toda população, é possível afirmar que se trata de um caso isolado, da ação de um psicopata, e punições coletivas, nesse momento, podem acabar produzindo o efeito inverso ao esperado. Segundo especialistas, há duas providências que podem efetivamente ajudar a impedir que tragédias semelhantes ocorram: uma forte ação pelo desarmamento da população e maiores cuidados com a saúde mental.
É difícil imaginar que uma pessoa em sã consciência entre em uma escola e atire em crianças, diz a psicóloga Juliana Bizeto, professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo).
Segundo a psicóloga, uma das explicações para esse comportamento violento seria o surto psicótico. Caracterizado pela perda da noção de realidade e por uma desorganização do pensamento, o surto pode ser causado por doenças como a esquizofrenia, por um trauma muito grande ou pelo uso de drogas, a exemplo da cocaína.
Quando a pessoa está em uma crise psicótica, ela confunde os pensamentos e passa a enxergar a realidade de uma maneira distorcida.
"Eu já atendi casos em que a pessoa não tinha noção do que tinha feito. Ela achava que estava atirando nas sombras que estava vendo, quando na verdade eram pessoas", conta a psicóloga.
Bizeto ressalta que casos como o que aconteceu no Rio nesta manhã poderiam ser evitados se houvesse mais suporte à saúde mental no Brasil.
"Muitas vezes o surto psicótico é tratado com remédios extremamente baratos e acessíveis no posto médico. A questão da doença mental é algo muito sério e quando não é bem tratada ela acaba atingindo outras pessoas, seja qual for a motivação", diz.
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