sexta-feira, 8 de abril de 2011

Lula lembra divergência pública com presidente da Vale





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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o processo de substituição no comando da Vale deve ser encarado com naturalidade e lembrou das divergências públicas que teve com Roger Agnelli durante seu governo.

– Todo mundo sabe que eu tinha uma divergência pública com o Roger, que era de fazer investimentos no Brasil, disse Lula, em Washington, ao ser questionado por jornalistas após participar como orador de um evento promovido pela Microsoft.

– Quando ele comprou navios na China, eu fiquei muito chateado. A teoria dele de que não poderia construir siderúrgica para não competir com os clientes era equivocada, porque a gente vendia minério de ferro com a China e depois a gente importava aço da China. Então era melhor que a gente produzisse o aço e exportasse para a China.

Agnelli será substituído na presidência da Vale pelo executivo Murilo Ferreira. Segundo Lula, a mudança é um problema do conselho de administração da empresa e da presidente Dilma Rousseff. – Eu vejo com uma certa naturalidade. Porque eu já disse que ninguém é imprescindível nem insubstituível. Aliás eu tive a oportunidade de dizer ao amigo Roger isso há uns 10 dias atrás.


Lula disse ainda que quando Agnelli foi indicado ao cargo era um desconhecido, e que é preciso acreditar que o indicado para substituí-lo vai prestar os mesmos serviços à Vale e ao país. – Hoje, o Roger é tão bom que eu acho que vou levá-lo para o instituto para trabalhar comigo, brincou, ao referir-se ao Instituto Lula, organização não-governamental que deverá comandar, ainda em processo de criação.

Questionado a respeito do relatório final da Polícia Federal sobre o esquema do mensalão, Lula disse que – não tem relatório final. Tem uma peça que dizem que foi o relatório produzido pela Polícia Federal, afirmou. – Se aquilo for entrar nos autos do processo você imagina o que vai acontecer. Todos os advogados de defesa vão pedir prazo para estudar, ou seja, isso vai ser julgado em 2050.

Lula disse ainda que não viu o documento. – Não tive chance de dar olhada, e nem vou olhar. Não sou advogado. O ex-presidente fez na capital americana sua estréia como palestrante internacional remunerado, o cachê é segredo, mas estima-se que na primeira palestra feita no Brasil, no mês passado, tenha recebido até R$ 200 mil.

Principal orador do Fórum de Líderes do Setor Público da América Latina e Caribe, promovido pela Microsoft, Lula falou durante 40 minutos sobre a experiência do Brasil no setor de educação. Muito aplaudido, contou também um pouco de sua própria trajetória, desde quando foi o primeiro dos oito irmãos a conseguir diploma primário até chegar à Presidência.

Logo após a palestra, o ex-presidente ainda debateu alguns temas com a plateia. Falou sobre democracia na América Latina, crise econômica (A Europa sabia resolver todos os problemas quando era na América Latina. Mas quando é na Europa, não sabem) e sobre si próprio (Não tem homem mais otimista, disse, ao lembrar das derrotas em eleições, antes de chegar à Presidência).

Por várias vezes, Lula deixou claro o cuidado para não fazer comentários sobre questões relacionadas ao governo atual.

– Eu não deveria estar comentando isso, disse, na conversa com jornalistas sobre a mudança de comando na Vale. Segundo um de seus assessores, é uma atitude de recato. – Não só em respeito a Dilma, mas pelo fato de estar buscando definir uma estratégia para o futuro.
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Também do Blog O TERROR DO NORDESTE.

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