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Mantega: governo continuará fazendo medidas para conter excesso de dólares
Luciana Otoni | VALOR
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo estuda novas medidas para conter a valorização do câmbio. Ao comentar que a melhora da classificação de risco soberano do Brasil de “BBB-” para “BBB” pela agência de rating Fitch, anunciada ontem, é um fator adicional de maior ingresso de moeda americana no país, Mantega informou que as mudanças em análise serão destinadas a conter o excesso de dólar no mercado.
“Quanto mais sólida a economia brasileira fica, mais tende a atrair investimentos externos. É melhor ter esse problema de excesso do que o problema do passado de falta de dólares”, avaliou. “O governo vai continuar fazendo medidas para conter excesso de dólares”, afirmou.
A sinalização de novas mudanças na política cambial foi feita uma semana depois de o Ministério da Fazenda anunciar a elevação de 2,38% para 6,38% no IOF sobre as compras de brasileiros no exterior com cartão de crédito e a alteração na tributação do IOF incidente sobre empréstimos de empresas no exterior, que passa de 5,38% nas operações com prazo de até 90 dias para 6% nas captações de até 360 dias. Nos dias posteriores a esses anúncios, dias 28 e 29 de março, a cotação da moeda americana caiu seguidamente.
Durante a apresentação dessas medidas, Mantega forneceu duas indicações sobre as possibilidades de alterações. Ele avaliou que o ingresso de dólares via Investimento Estrangeiro Direto (IED) também é uma fonte de pressão de valorização do real – até terceira semana de março US$ 15 bilhões haviam ingressado no país por essa conta. Ele não descarta a possibilidade de que esteja havendo arbitragem (captações de recursos no exterior com ganhos com o diferencial de juros) por meio de IED.
O ministro também considerou que pode haver nova alta no IOF das captações de empresas no exterior, caso a recente elevação para 6% no imposto não seja capaz de conter esse fluxo. De janeiro a 25 de março, US$ 26,6 bilhões entraram no país por meio desses empréstimos.
Além dessas alternativas, o Ministério da Fazenda também pode dar sinal verde para o Fundo Soberano operar com derivativo cambial, incluindo os swaps cambiais. As medidas legais para a realização desse tipo de operação foram adotadas em janeiro, com a definição do Banco Central como agente operador e do Banco do Brasil como instituição gestora. Com essas definições, resta apenas uma autorização da área econômica para que o Fundo possa realizar operações com derivativos cambiais.
Já o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse, em nota, que a decisão da Fitch reflete “os bons fundamentos” da economia brasileira.”É um reconhecimento da consistência da política econômica ao longo dos anos e da melhora de seus fundamentos, alcançada por meio das políticas de metas de inflação, câmbio flutuante, acúmulo de reservas internacionais, responsabilidade fiscal e solidez do sistema financeiro”.
Segundo a nota, tal comportamento é importante para a queda futura dos juros. “Esses bons fundamentos da economia brasileira proporcionam melhores condições para o crescimento sustentável, e concorrem para a contínua queda no custo de financiamento do investimento que o país demanda e continuará a demandar nos próximos anos”, segue o texto.
Postado por Luis FavreComentários
Também do Blog do Favre.
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