quinta-feira, 7 de abril de 2011

Um tour por subúrbios descolados, fora do circuito ‘déjà-vu’ parisiense, com arte, moda e gastronomia

Luciana Fróes – O GLOBO

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Bercy Village, em Paris: armazéns de vinhos do século XIX foram restaurados e hoje abrigam galerias de arte, lojas de grifes e bistrôs / Foto: Divulgação


PARIS – É subúrbio pertinho, que se alcança em menos de meia hora de táxi, a partir de Saint-Germain-des-Prés. Locais como o adorável Bercy Village, em Bercy (no 12ème arrondissement), complexo de lojas de design, galerias de arte, grifes bacanas, bistrôs e bar à vins para todos os gostos (e bolsos) instalado em antigos armazéns de vinhos do século XIX, pertinho do Parque de Bercy e do Rio Sena. Restaurados, em projeto bacanérrimo, a sequência de chalés hoje abriga lojas como a Alice Délice (chair 779), que só vende utensílios de cozinha de design, uma perdição para quem curte comer e cozinhar. Para um fim de semana de sol, posso atestar: perambular pelo chão de paralelepípedos (original) do Bercy Village e desfrutar de um comércio de primeiríssima, onde come-se, bebe-se e compra-se só do bom e do melhor, é um baita programa ( www.bercyvillage.com ).

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Belleville é outra grata novidade Les Enfants Rouge, mercadinho biô perto da Republique, em Paris / Foto: Luciana Fróes

Belleville, no 20ème arrondissement, é outra grata novidade. Conhecido principalmente por ser endereço do mais visitado cemitério do mundo, o Père-Lachaise, onde descansam em paz (nem tão em paz assim) Proust, Chopin, Wilde e tantos nomes ilustres, Belleville vem ganhando novos ares. Berço de Edith Piaf (aliás, funciona ali o Museu Edith Piaf, na Rue Crespin du Gast 5), o bairro de maior miscigenação de raças de Paris (árabes, africanos e predominantemente chineses, é a segunda Chinatown parisiense) virou o bobo da vez. ( Bobo são as iniciais de bourgeois-bohemia; ou seja, burguês e boêmio). A atriz Juliette Binoche é a mais nova ilustre moradora do pedaço. É ali onde, segundo a revista “Wallpaper”, fica o melhor hotel de negócios de Paris, o Mamashelter, projeto de Philippe Starck, que bolou uma pizzaria hoje na moda, a Mama Shelter. E um bar que atende pelo nome de Chic-Chic, de décor impactante. Uma mostra? Tem mesas de totó espalhadas pelo salão.

É lá que fica, também, o Le Chapeau Melon (Rue Rebeval 92) do chef Olivier Camus, o maior defensor dos vinhos naturais da França. Os que defendem a bandeira dos vinhos biodinâmicos baixam em peso nesse bar à vin onde, por pouco mais de 20 euros, desfruta-se de um rosé orgânico ótimo. E de um menu degustação interessante (a tartelette de sardinha marinada é qualquer coisa) por enxutos 32 euros.

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La Régalade: boa fama do bistrô leva uma legião de comensais até Alésia, no limite de Paris / Foto: Luciana Fróes

Alésia, região limítrofe da cidade de Paris, vale uma investida. Além do comércio barato (há muitas pontas interessantes), é ali que fica um dos mais festejados bistrôs parisienses, com indicação Michelin: o La Régalade (Avenue Jean Moulin 49), hoje nas mãos do chef Bruno Doucet. Três menus degustação do chef, com vinho, nos custou 131 euros. Só a farta terrine que é colocada em cada mesa, como couvert, já é noite ganha.

Na saideira, um nicho pertinho da Republique, o Les Enfants Rouge, o mais antigo marché de Paris, na mesma Rue de Bretagne 39 desde 1777. É hoje um polo de produtos orgânicos para gourmets. E também uma boa referência para vegetarianos lights ou radicais, que tenham, acima de tudo, apreço ao bem comer.

Paris continua uma festa e, a cada ano, para mais convidados.

Postado por Luis Favre
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Do Blog do Favre.

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