quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

IMPRENSA CORRUPTA BRASILEIRA SANGRA E DILMA VAI A CONGRESSO DO PT, EM BRASÍLIA

Dilma Rousseff, a “bendita herdeira”

No Congresso do PT, com início hoje, a ministra enfatizará diferenças entre o legado “maldito” de FHC e o sucesso de Lula para marcar posição com a militância
  • Thiago Pariz
  • Edílson Rodrigues/CB/D.A Press
    Funcionários dão os últimos retoques no estrelado auditório em que a pré-candidata será oficializada


    Marcar a diferença entre as gestões do PT e do PSDB. De um lado, a herança considerada maldita do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), fruto de políticas neoliberais e privatizações, que geraram aumento da desigualdade social e empobreceram o brasileiro. De outro, o bendito legado a ser deixado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, capaz de possibilitar um governo sólido, além de uma mera continuidade. É nisso que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, aposta para marcar posição no lançamento de sua candidatura ao Palácio do Planalto durante o 4º Congresso do PT, que tem início hoje e vai até sábado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

    A ministra Dilma centralizou a tarefa de escrever o discurso marcado para o sábado, que fechará o encontro. Só algumas pessoas terão direito a dar opinião sobre as palavras: além do presidente, o ministro da Comunicação Social,

    Franklin Martins, e o marqueteiro João Santana. Alguns petistas dizem até que ela só vai debruçar-se de fato sobre as palavras na véspera do Congresso.

    As linhas gerais estão delineadas. O tom é diferenciar o projeto de país do PT e do PSDB. Os números estão na ponta da língua: um governo que retirou da pobreza 20 milhões de pessoas, atende 11 milhões de famílias com o Bolsa Família, investiu em infraestrutura por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e em saneamento, num verdadeiro louvor do que foi o governo Lula. Aos tucanos resta o libelo, a execração. O programa do PT a ser apresentado no Congresso mostra um pouco o tom. “Eles representam a política que quebrou o Brasil três vezes, que privatizou, desempregou e desencantou o povo brasileiro”, consta do documento.

    Turbulência
    Essa diferenciação servirá para Dilma mostrar que o sucesso do governo deve-se ao papel que o Estado teve com Lula ao aumentar investimentos públicos em época de turbulência, em contraste com a opção do estado mínimo tucano. Ela deverá mencionar que graças à mão forte do governo o país não sofreu um chacoalhão com a crise financeira internacional. E que, se dependesse da iniciativa privada, o país nunca teria serviços considerados pouco lucrativos, como universalização do acesso à internet ou energia elétrica em todos os rincões do país, como os propostos pelo Executivo.

    A expectativa é que Dilma também dedique parte do discurso para exaltar a história do PT, que completou 30 anos em 10 de fevereiro, e exalte o trabalho da jovem militância. Na avaliação de petistas que conversaram a chefe da Casa Civil, ela deverá abordar a importância das alianças para a eleição. O congresso do partido terá a participação de expoentes do PMDB, como o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), principal nome da legenda para ocupar a vice; o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), além dos ministros de Integração Nacional, Geddel Vieira Lima; de Minas e Energia, Edison Lobão; e de Comunicações, Hélio Costa.

    “A disputa eleitoral de 2010 será um marco nesse sentido e será uma das mais polarizadas que o país já viveu desde a redemocratizacão. O que estará em jogo são dois projetos distintos e opostos para o Brasil. De um lado, os neoliberais representados pela aliança PSDB/DEM/PPS, derrotados em 2002 e em 2006, encurralados ideologicamente depois da crise econômica global e sem projeto para o país”, consta do documento petista.

    Depois de ser analisada pelo Palácio do Planalto, as diretrizes do programa de governo foram bastante alteradas da versão inicial para a que foi publicada no fim de semana e será votada no encontro do PT. As principais mudanças foram menções diretas às realizações do governo do presidente Lula e elogios aos programas sociais. Antes do discurso de Dilma, Lula fará uma defesa de sua protegida e será lido um manifesto de apoio à candidatura da ministra escrito pelo deputado Ricardo Berzoini e pelo presidente do partido, José Eduardo Dutra.


    O número
    20 milhões
    Quantidade de pessoas retiradas da pobreza durante o governo Lula, segundo a estatística petista

    Avaliação de terreno

    Logo depois de oficializar a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o PT encomendará uma ampla pesquisa sobre expectativas da população. Trata-se de um levantamento chamado de comportamental. Ele engloba as visões dos entrevistados sobre crescimento do país, geração de emprego, renda, inflação e satisfação com o andamento do governo. Aliado a isso virá uma sondagem sobre a intenção de voto ao Palácio do Planalto.

    A expectativa dos petistas é o crescimento de Dilma e a queda do governador de São Paulo e provável candidato do PSDB, José Serra. Eles esperam também mostrar a inviabilidade da candidatura do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), que bate o pé em sua tentativa de se tornar concorrente ao Planalto, com desagrado do PT e do presidente Lula.

    Os petistas querem retirar Ciro da jogada para fortalecer a tese da eleição plebiscitária entre PT e PSDB. Na mais recente pesquisa CNT/Sensus, Dilma apareceu na frente de Serra no levantamento espontâneo, aquele em que não são apresentados os nomes dos candidatos aos entrevistados. Em uma das listas, Serra aparece na frente 5,4 pontos percentuais em relação à pré-candidata petista. A pesquisa tem três pontos de margem de erro.

    O estudo comportamental deverá ser encomendado pela nova direção do partido, capitaneada pelo ex-senador José Eduardo Dutra, que tomará posse no congresso. Nesse encontro, será formada a Executiva que tocará o processo eleitoral. A novo tesoureiro do PT será o presidente da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), João Vaccari Neto, que substituirá Paulo Ferreira. O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) deverá continuar na Secretaria-Geral. (TP)


    A disputa eleitoral de 2010 será uma das mais polarizadas que o país já viveu desde a redemocratização

    Trecho do documento com diretrizes e resoluções a ser votado pelos petistas durante o congresso

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